• Mil Folhas
  • Música Com Cabeça
  • Cine ou Sopas
deusmelivro
Os Três Mosqueteiros, Sextante, Deus Em Livro, Crítica, Alexandre Dumas
Mil Folhas 0

“Os Três Mosqueteiros” | Alexandre Dumas

Por Pedro Miguel Silva · Em 02/06/2020

Para aqueles que andam agora nos seus quarentas, ou aqueles que vieram depois e apanharam por aí alguma reposição enquanto eram de tenra idade, provavelmente darão – ou deram – por si a ler “Os Três Mosqueteiros” (Sextante, 2018) pensando nos moqueteiros do rei Luís XIII com cabeça de cão, tudo à boleia de uma série animada que estreou em Portugal em 1981 e que tinha, como título, “Dartacão e os Três Moscãoteiros”, inspirada neste clássico de aventuras da autoria do senhor Alexandre Dumas.

Romance histórico originalmente publicado em folhetins pelo jornal Le Siècle, em 1844, “Os Três Mosqueteiros” foi o volume inaugural da colecção Biblioteca dos Tesouros, com o selo editorial da Sextante Editora, publicada em capa dura com uma fita-marcador e uma lombada em tecido que transforma estes livros em objectos que parecem chegar de uma outra época, impregnados do espírito clássico. Para ajudar a pensar nos mosqueteiros como sendo humanos, esta edição é servida com as ilustrações de Maurice Leloir, que recriam na perfeição o espírito da época.

A história decorre na França do século XVII, quando nos encontrávamos na fase final do reinado de Luís XIII, da governação de Richelieu e do conflito quentinho com a “vizinha” Inglaterra. No centro da narrativa está um jovem gascão chamado d`Artagnan, que chega a Paris depois de perder a carta de recomendação escrita pelo seu pai, que tinha por fim pedir a ajuda do Senhor de Tréville para que o seu rebento se juntasse às filas dos Mosqueteiros do rei.

Uma entrada em Paris que não corre lá muito bem, pois d`Artagnan arranja forma de, logo no primeiro dia, marcar um duelo triplo e à vez com os três mais reputados mosqueteiros do rei: Athos, Porthos e Aramis – tudo nomes inventados para manter as boas e sobretudo as más reputações -, que d`Artagnan vê como figuras históricas clássicas, considerando “Athos um Aquiles, Porthos um Ajax e Aramis um José”.

Aramis é o mais cotado entre as mulheres, com estilo e boniteza para dar e vender, mas o seu sonho é mesmo seguir a vida religiosa, logo assim que guarde de vez a espada. Athos, o mais velho e que olha para d`Artagnan como um filho, é o coração do grupo, sempre disponível para ajudar os outros e que está quase sempre de copo na mão. Já Porthos é de todos o mais fanfarrão, um tipo alto e fortalhão com tanto de vaidoso como de tolo, alguém com uma bondade inocente que sonha com viver uma vida abastada que não o obrigue assim a fazer grande coisa. Quanto a d`Artagnan, esse, é o cérebro do grupo, um estratega natural que não deixa passar o mais pequeno insulto.

O leitor dará por si numa época cavalheiresca e galante, onde há jogos de bastidores a torto e a direito, os servos e criados são vítimas diárias de bullying e a mínima afronta serve para que se exija em duelo em praça pública – ou um pouco menos às claras para evitar uma ida à Bastilha.

Os Três Mosqueteiros, Sextante, Deus Em Livro, Crítica, Alexandre DumasDepois de uma entrada com dois pés esquerdos, cedo d`Artagnan mostra a sua devoção aos mosqueteiros e ao rei, sendo-lhe confiada uma missão pela rainha, Ana de Áustria, que o levará a Londres – juntamente com o trio de mosqueteiros – para uma missão de aspecto suicida, apenas para evitar que sejam descobertos os avanços do Duque de Buckingham – a quem Ana oferece algo de que irá mais tarde precisar para um baile -, cuja corte a Ana lhe custou a aversão de Luís XIII e também de Richelieu – que também tinha um fraquinho pela rainha.

Por este volumoso romance passam também personagens como Milady, a encarnação do mal e perita na arte da dissimulação; Planchet, o criado devoto de d`Artagnan; Bonacieux, um oportunista que avança para onde o vento o empurrar; ou Rochefort, o estiloso espadachim do cardeal. Uma aventura clássica a partir dos manuais de história, com muito romance, espírito altruísta, amizades carregadas e muita astúcia, que acabou por imortalizar um dos mais conhecidos lemas criados na literatura: Um por todos e todos por um – que nesta edição se vê convertido num “Todos por um, um por todos!”.

Alexandre DumasBiblioteca dos TesourosCríticaDeus Em LivroOs Três MosqueteirosSextante

Pedro Miguel Silva

Pode Gostar de

  • A Mercearia Céu & Terra, Deus Me Livro, Crítica, James McBride, Dom Quixote, D. Quixote, Mil Folhas

    “A Mercearia Céu & Terra” | James McBride

  • O Céu da Língua, Gregorio Duvivier, Deus Me Livro, H2N Culture Connectors, Mil Folhas

    Gregorio Duvivier volta a mostrar-nos O Céu da Língua

  • 5L, 5L 2025, Deus Me Livro, Edite Guimarães, Entrevista, Mil Folhas

    Entrevista: Edite Guimarães apresenta-nos o 5L

Sem Comentários

Deixe uma opinião Cancelar

Siga-nos aqui

Follow @Deus_Me_Livro
Follow on Instagram

Mil Folhas

  • A Mercearia Céu & Terra, Deus Me Livro, Crítica, James McBride, Dom Quixote, D. Quixote,

    “A Mercearia Céu & Terra” | James McBride

    13/05/2025
  • O Céu da Língua, Gregorio Duvivier, Deus Me Livro, H2N Culture Connectors,

    Gregorio Duvivier volta a mostrar-nos O Céu da Língua

    08/05/2025
  • 5L, 5L 2025, Deus Me Livro, Edite Guimarães, Entrevista,

    Entrevista: Edite Guimarães apresenta-nos o 5L

    08/05/2025
  • O Som da Mentira, Amy Tintera, Deus Me Livro, Crítica, Singular,

    “O Som da Mentira” | Amy Tintera

    07/05/2025
  • Dentro da Tenda, Lucie Lučanská, Deus Me Livro, Crítica, Planeta Tangerina,

    “Dentro da Tenda” | Lucie Lučanská

    07/05/2025
Acha o Deus Me Livro diferente? CLIQUE AQUI.

Archives

  • May 2025
  • April 2025
  • March 2025
  • February 2025
  • January 2025
  • December 2024
  • November 2024
  • October 2024
  • September 2024
  • August 2024
  • July 2024
  • June 2024
  • May 2024
  • April 2024
  • March 2024
  • February 2024
  • January 2024
  • December 2023
  • November 2023
  • October 2023
  • September 2023
  • August 2023
  • July 2023
  • June 2023
  • May 2023
  • April 2023
  • March 2023
  • February 2023
  • January 2023
  • December 2022
  • November 2022
  • October 2022
  • September 2022
  • August 2022
  • July 2022
  • June 2022
  • May 2022
  • April 2022
  • March 2022
  • February 2022
  • January 2022
  • December 2021
  • November 2021
  • October 2021
  • September 2021
  • August 2021
  • July 2021
  • June 2021
  • May 2021
  • April 2021
  • March 2021
  • February 2021
  • January 2021
  • December 2020
  • November 2020
  • October 2020
  • September 2020
  • August 2020
  • July 2020
  • June 2020
  • May 2020
  • April 2020
  • March 2020
  • February 2020
  • January 2020
  • December 2019
  • November 2019
  • October 2019
  • September 2019
  • August 2019
  • July 2019
  • June 2019
  • May 2019
  • April 2019
  • March 2019
  • February 2019
  • January 2019
  • December 2018
  • November 2018
  • October 2018
  • September 2018
  • August 2018
  • July 2018
  • June 2018
  • May 2018
  • April 2018
  • March 2018
  • February 2018
  • January 2018
  • December 2017
  • November 2017
  • October 2017
  • September 2017
  • August 2017
  • July 2017
  • June 2017
  • May 2017
  • April 2017
  • March 2017
  • February 2017
  • January 2017
  • December 2016
  • November 2016
  • October 2016
  • September 2016
  • August 2016
  • July 2016
  • June 2016
  • May 2016
  • April 2016
  • March 2016
  • February 2016
  • January 2016
  • December 2015
  • November 2015
  • October 2015
  • September 2015
  • August 2015
  • July 2015
  • June 2015
  • May 2015
  • April 2015
  • March 2015
  • February 2015
  • January 2015
  • December 2014
  • November 2014
  • October 2014
  • September 2014
  • August 2014
  • July 2014
  • Contacto