Já o escrevemos várias vezes por aqui. Ainda que, neste planeta, existam quase tantos ilustradores quantas as estrelas num céu negro em noite de lua ausente – e propícia à observação astronómica -, Oliver Jeffers será, de entre os vários pontos cintilantes, a Sirius da ilustração.
Nascido na Austrália no ano de 1982 – e criado na Irlanda do Norte desde muito cedo -, Jeffers tem conhecido uma carreira verdadeiramente meteórica, muito graças à diversidade temática e às variações que tem promovido em termos de técnicas de ilustração, seja quando pegou em pinturas da autoria de Alexander Dzigurski, tudo para dizer que “Este alce é meu”, ou quando nos apresentou a um conjunto de lápis de cor, que decidiram saltar da caixa para lutar pelos seus direitos.
Em Portugal, com algumas excepções que o levaram a recorrer ao alojamento local, a casa de férias de Jeffers tem sido a Orfeu Negro, editora que, entre muitos títulos, publicou em 2015 “Não Fui eu”, o primeiro título de uma nova série escrita e ilustrada Jeffers intitulada Os Nicos. Já este ano, a editora fez chegar às livrarias mais dois títulos da colecção: “A Camisola Nova” (Orfeu Negro, 2023) e “Qual é o Oposto?” (Orfeu Negro, 2023).
Os Nicos têm a forma de um ovo, um amendoim, um comprimido para as dores de cabeça ou, se preferirmos um exemplo mais adocicado – e internacional -, de jelly beans. São muito parecidos entre si e, na maioria das vezes, dão-se bem.
Em “A Camisola Nova”, contam-nos que “o que os Nicos tinham de especial… era serem todos iguais”. Tinham as mesmas ideias, gostavam das mesmas coisas, até ao dia em que o Roberto tricotou uma camisola nova e laranja, tornando-se “um peixe fora de água”. O Geraldo aproveitou a onda e também decidiu ser diferente, tricotando para si uma camisola…igual à do Roberto. Já estão a ver onde é que isto vai dar, certo? Um livro sobre a diferença, a igualdade e os espíritos inquietos que não desistem de abanar as fundações do mundo.
“Qual é o Oposto?” é um livro perguntador: “Qual é o oposto de início? (…) Qual é o oposto de para cima?”. Um volume que é como uma aventura educacional que irá testar os conhecimentos dos mais catraios sobre pares de opostos, numa lição que se serve da meteorologia – quente/frio – ou da dificuldade de deixar para trás uma ilha deserta – azarado/sortudo.
Tal como no livro primeiro da série, Oliver Jeffers dispõe os Nicos – e as suas sombras – em fundos brancos ou monocromáticos, que dão espaço para que estes jelly beans possam realmente brilhar – e levar-nos a pensar fora da caixa.
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