No território da não ficção, escolhemos dez títulos que marcaram o ano editorial português em 2016.
1. “Entre mim e o mundo” | Ta-Nehisi Coates
Editora: Ítaca
“Tal como Toni Morrison afirmou, numa conversa sobre arte e justiça social em Nova Iorque em Junho, todo o tipo de arte é perigosa e é necessário, para o ser humano, estar ciente disto antes de qualquer jornada. “Entre Mim e o Mundo” é um toque perigoso no que há de mais violento na condição de afro-americano e, no fundo, de ser humano. É sem dúvida um dos grandes livros do ano: Coates trouxe uma das melhores reflexões sobre o racismo.” (Ler crítica)
2. “A de Açor” | Helen Macdonald
Editora: Lua de Papel
“O título desta obra de Helen Macdonald, “A de Açor”, podia sem perda de identidade ser “A de Amor”, “E de Entrega”, “R de Resgate” ou, até, “I de Integridade”. Todos eles são reflexos da forma avassaladora com que a autora passa por uma profunda crise pessoal e da sua capacidade de resistir e se renovar, tendo por base o amor e a entrega a uma ave de rapina.” (Ler crítica)
3. “Vozes de Chernobyl” | Svetlana Alexievich
Editora: Elsinore
“É a voz omissa da autora, uma espécie de narrador-fantasma que investiu milhares de horas na escolha criteriosa de cada palavra, de cada testemunho, que faz luz sobre o todo, através das partes. É essa voz ausente e omnipresente que revela uma verdade universal da condição humana: o paradoxo do medo da mudança e uma incrível capacidade de adaptação e superação. Auscultar as “Vozes de Chernobyl” é mergulhar nessa verdade universal da humanidade, uma verdade transversal a raças e credos.” (Ler crítica)
4. “Sibéria” | Olivier Rolin
Editora: Tinta da China
“Para Rolin, o encanto por este lugar que não é província ou campo – é, antes, um continente – deu-se desde logo pelo lado gramatical: “Os que não sentem isto é porque ignoram a música das palavras.” Música, aliás, é o que não falta neste pequeno livro, onde Rolin apresenta um retrato geográfico, histórico, meteorológico e social deste ponto geográfico inóspito.” (Ler crítica)
5. “Montaigne” | Stefan Zweig
Editora: Assírio & Alvim
“Nesta pequena mas sumarenta biografia, Stefan Zweig faz um relato preciso, cirúrgico e apaixonado de Montaigne, com quem partilharia algumas obsessões – tais como a liberdade individual ou a santidade do indivíduo. E, se podemos afirmar que Montaigne terá descoberto o seu eu interior – que atinge a universalidade -, também não será errado dizer isto em relação à busca da individualidade tal como Montaigne a tomou em braços: isto não é para quem quer, é para quem pode.” (Ler crítica)
6. “A Rota da Porcelana” | Edmund De Waal
Editora: Sextante
“Ao mesmo tempo que vai coleccionando objectos brancos, tendo em vista uma exposição sua que terá lugar na cidade de Nova Iorque, Edmund De Waal conta uma história pessoal por entre esta rota da porcelana, juntando-lhe fotos, mapas, ilustrações, citações e excertos de livros antigos, com muitos pormenores técnicos e apontamentos históricos que parecem retratos vivos. No final, depois de uma longa jornada e de mais um objetivo cumprido, De Waal passa da escrita ao trabalho de artesão, regressando assim ao seu mundo primordial: “E não, não estou a escrever. Estou outra vez a fazer coisas.” Quanto ao leitor, ficará a torcer para que depois dos objectos De Waal esculpa um novo e maravilhoso livro como este.”
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7. “A guerra não tem rosto de mulher” | Svetlana Alexievich
Editora: Elsinore
“Estima-se que cerca um milhão de mulheres estiveram na frente de combate e ajudaram a União soviética a combater os nazis. Mas a história não foi das mulheres. Neste livro, Svetlana recupera o testemunho de centenas de mulheres que ninguém quis ouvir. Escutamos as suas lutas, as suas mortes, os seus feitos, tão impossíveis de alcançar para os homens que as receberam pela primeira vez nas suas unidades. Acompanhamos o silêncio, o sofrimento e a solidão quando recomeçaram as suas vidas depois da guerra. Os seus relatos são de um heroísmo despretensioso e comovente. Foram as suas guerras.” (Ler crítica)
8. “Chega de Saudade” | Ruy Castro
Editora: Tinta da China
“Por estas páginas passam mitos como João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Newton Mendonça, Nara Leão, Carlinhos Lyra, Ronaldo Bôscoli, Maysa, Johnny Alf, Sylvinha Telles ou Elis Regina, bem como alguns seguidores que por eles foram tocados como se tivessem batido um papo com a divindade. Um livro que, acompanhado de muitas e preciosas fotografias, recupera, homenageia e documenta um dos mais vibrantes períodos musicais da história universal da música, com o epicentro localizado no Brasil carioca.” (Ler crítica)
9. “Azul” | Michel Pastoreau
Editora: Orfeu Negro
“O livro toma como fio condutor o período que vai do Neolítico até ao séc. XX, mostrando a ascensão e a importância social da cor azul. Se, para os povos da Antiguidade, o azul é uma cor que conta pouco, os romanos acham-na desagradável e mesmo depreciativa, considerando-a a cor dos bárbaros. Era, e continuou a ser durante muito tempo, uma cor que o ser humano reproduziu, fabricou e dominou tarde e com extrema dificuldade.” (Ler crítica)
10. “Terra Negra” | Timothy Snyder
Editora: Bertrand
“Em “Terra Negra”, o grande ganho é extraído da incómoda certeza de que, na actualidade, muitos dos jogos de poder, estratégias políticas e estereótipos culturais com que diariamente convivemos à escala mundial, são perigosos activadores de mal-estares entre povos, com indesejáveis similitudes com a primeira metade do séc. XX.” (Ler crítica)
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