Escolhemos, de entre travessas e travessas de doçaria que nos serviram neste 2016, os 14 “mil folhas” cujo creme nos fez crescer água na boca.
1. “Síndrome de Antuérpia’’ | João Felgar
Editora: Clube do Autor
“O enredo e as personagens estão muito bem construídas, a história é simples mas cheia de enredos, tornando a leitura fluída e interessante, amarrando o leitor do início ao fim, viciando o mesmo nas histórias de vida tão variadas dos protagonistas. Num só livro, o autor consegue juntar e encruzilhar vidas diversas, onde cada uma influencia a outra sem o saber, numa espécie de efeito borboleta sem fim.” (Ler crítica)
2. “Uma Senhora Nunca” | Patrícia Müller
Editora: Quetzal
“Este “Uma Senhora Nunca” pode muito bem elogiar e propagandear os segredos e os pecados familiares – e até uma certa mesquinhez que daí advenha -, mas em altura alguma se perde no melodrama familiar, pois Maria Laura é uma personagem fortíssima, uma senhora que tenta superar todas as neuroses próprias da vida que escolheu, empurrada pela época, mas também por Policarpo e Glória.” (Ler crítica)
3. “Homens imprudentemente poéticos” | Valter Hugo Mãe
Editora: Porto Editora
“No entanto, estes modos de lonjura, essas tristezas alheias ou os rostos e as honras fragilizadas, trá-las Valter Hugo Mãe nas palavras e nos pedaços grotescos que convoca para as vidas destas personagens, convidando-nos a acolhê-las, preenchendo um vazio que todos carregamos e a celebrá-las, na interminável viagem que é viver.” (Ler crítica)
4. “Gramática do Medo” | Maria Manuel Viana e Patrícia Reis
Editora: Dom Quixote
“Ambicioso na sua forma e conteúdo, Maria Manuel Viana e Patrícia Reis construíram em “Gramática do Medo” duas mulheres reais, quase banais em determinadas ocasiões mas sempre muito peculiares. Uma amizade que dá luta, um trabalho diário que pode equiparar-se a um laço de sangue. Mas, tal como Tolstoi escreveu – plenamente aplicável à amizade retratada neste livro -, “todas as famílias felizes são parecidas, as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira”. Cabe agora ao leitor tirar as suas próprias conclusões.” (Ler crítica)
5. “Céu Nublado com Boas Abertas” | Nuno Costa Santos
Editora: Quetzal
“Várias personagens ricas e um protagonista excepcional têm a capacidade de dar origem a uma bela história. “Céu Nublado com Boas Abertas” é o concretizar de uma promessa, em que o grande protagonista – o falecido João Pereira da Costa –, com a sua derradeira luta, é uma das mais fascinantes personagens. Para completar a história, tornando-a ainda mais apelativa, surgem personagens peculiares e fundamentais que vão de encontro a Nuno Costa Santos, autor e protagonista, ao mesmo tempo presente e ausente, de forma equilibrada. Alguém talentoso para intercalar histórias e se manter, de certa maneira, ausente da narrativa. Aqui, o verdadeiro valor está no que vêem os seus olhos, que nunca se intrometem nos comportamentos de cada personagem.” (Ler crítica)
6. “A Coleção Privada de Acácio Nobre” | Patrícia Portela
Editora: Caminho
“Aquilo que fica por dizer, aliado às passagens que nos arrebatam e o perfil do homem que se traça, só permite uma construção interior que, em circunstâncias normais, é reservada à ficção que se assuma em exclusivo como tal. Mas aqui, a espaços brancos (é um livro que respira muito), toca nos mesmos pontos de estímulo. Há dois achados: o de Patrícia Portela e o do leitor.” (Ler crítica)
7. “O Amor em Lobito Bay” | Lídia Jorge
Editora: Dom Quixote
“Sem apontar caminhos ou exercer juízos de valor, Lídia Jorge oferece nestes nove contos parábolas abertas sobre a vida e a morte, colocando na memória o poder redentor sobre o pecado, sempre mergulhada numa sombra tão frágil quanto a ideia de humanidade.” (Ler crítica)
8. “Vamos comprar um poeta” | Afonso Cruz
Editora: Caminho
“Nesta história apontada ao extremo máximo – ou, se preferirem, ao coração – do materialismo, Afonso Cruz homenageia a poesia sem precisar de usar mais do que três ou quatro versos, mostrando que o mundo é um lugar bem mais bonito quando a poesia, a criatividade e a beleza fazem parte da vida de cada um, transformando, assim e para melhor, a vida dos que estão à volta.” (Ler crítica)
9. “Eu sou a Árvore” | Possidónio Cachapa
Editora: Companhia das Letras
“As personagens são várias como vários são os epicentros da narrativa, rica, quase poética, talvez das melhores surpresas para quem não conhecia Possidónio Cachapa e uma confirmação certa para quem já o segue nas suas várias publicações anteriores.” (Ler crítica)
10. “O Meças” | J. Rentes de Carvalho
Editora: Quetzal
“Através destes dois elementos principais, com vários pontos comuns – como o local de origem ou a história de emigração -, somos levados a ver o mundo com a tal implacável consciência social de Rentes de Carvalho, olhando as diferenças abismais das vidas singulares das pessoas deste nosso país: as desigualdades na partida para o desconhecido, as diferenças no regresso à origem, a submissão aos poderosos, a esperança cega do povo nos projectos megalómanos das gentes excêntricas e aparentemente endinheiradas.” (Ler crítica)
11. “Nem todas as baleias voam” | Afonso Cruz
Editora: Companhia das Letras
“Desde cedo percebemos que há aqui uma ode ao belo dentro da maldade e do mal. “Aliás, somos logo avisados para essa maneira sórdida e até perversa de alimentar esse engenho do mal, do medo e do aberrante como solução para nos mantermos à tona, à superfície da sobrevivência. Parece estranho? Se não o fosse é que seria de estranhar. Estamos novamente perante um livro intenso e imenso de Afonso Cruz, onde as personagens e as histórias se cruzam de tal forma que, mesmo a muitos quilómetros de distância, ganham uma intimidade que chega a fazer doer.” (Ler crítica)
12. “Passos Perdidos” | Paulo Varela Gomes
Editora: Tinta da China
Em “Passos Perdidos”, conduzidos pelo romance de Anna W. e C. Brandon, terminamos com um ganho de informação sobre história e arquitectura, cinema, política e laivos de informação autobiográfica sobre o autor. O êxtase alcança-se acompanhando as personagens (e o autor) em experiências esteticamente poderosas, partilhadas através de descritivos detalhados, sedutores e íntimos. (Ler crítica)
13. “Terra Fresca” | João Leal
Editora: Quetzal
“Neste livro que questiona o livre-arbítrio, João Leal, que em tempos estudou Teologia – curso que não chegou a terminar –, aborda entre a crença e a dúvida o papel da religião no mundo, fazendo de cada homem um pedaço de massa fresca “preparando a germinação de sabe-se lá o quê“. Um livro que se lê – e que parece ter sido escrito – como um salto de fé.” (Ler crítica)
14. “O Quadro da Mulher Sentada a Olhar Com Cara de Parva” | Luís Afonso
Editora: Abysmo
“Com um grande sentido de poupança, uma prosa acutilante e um sentido de humor que impele a uma reflexão mais ou menos profunda sobre a vida, Luís Afonso atravessou o portal situado entre a ilustração e o conto, e fê-lo de forma surpreendente.” (Ler crítica)
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