De entre os títulos que nos chegaram às mãos em 2017, escolhemos 10 livros que mostram a BD como a arte mais próxima do mundo da sétima arte – ou, se preferirem, superior a este.
10. “Kingsman: Serviço Secreto” | Mark Millar, Dave Gibbons e Matthew Vaughn
Editora: G. Floy
É, comece-se por aqui, um trio de luxo: Mark Millar, o escritor de Guerra Civil e de Kick Ass; Dave Gibbons, o lendário desenhador de Watchmen; e Matthew Vaughn, realizador e super-estrela. O objectivo desta joint venture foi um: reinventar as histórias de espionagem para o século XXI. Tiros, explosões, perseguições, há neste “Kingsman: Serviço Secreto” tudo aquilo que se espera de um livro de espiões, temperado com o sempre bem-vindo humor britânico.
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9. “Shenzhen” | Guy Delisle
Editora: Devir
Os desenhos de Delisle, todos eles a preto e branco e de traço vigoroso, mostram o real e o quotidiano de forma quase retratista, em grandes planos que se aproximam de postes telefónicos, roupa estendida ou figueiras-de-bengala, numa sedutora utilização do claro/escuro. Um Lost in Translation transformado em novela gráfica.
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8. “Do Inferno” | Alan Moore e Eddie Campbell
Editora: Devir
Um monólito – são mais de 500 páginas – sobre a Era Vitoriana, escrito por Alan Moore e ilustrado por Eddie Campbell, que parte da teoria do jornalista Stephen Knight de que os assassinatos de Jack, O Estripador, eram parte de uma conspiração para ocultar um filho ilegítimo do Príncipe Albert Victor, Duque de Clarence. Uma obra densa que mistura acontecimentos históricos com fagulhas incendiárias riscadas pela imaginação de Moore, que nos faz mergulhar na Inglaterra do século XIX, empurrada pelo fulgor da industrialização e da prosperidade pela invisível mão da aristocracia e da Maçonaria.
(Crítica em breve)
7. “Saga: Volume Seis” | Brian K. Vaughan e Fiona Staples
Editora: G. Floy
A escrita de Vaughan mantém-se refinada, seja falando na fragilidade da infância – “Qualquer que seja a liberdade que lhes dêem, a maioria das crianças continua a ser uns adereços glorificados, cuidadosamente levados de um local seguro para outro. Não somos crianças, somos ovos. Mas, cedo ou tarde, esses ovos começam a partir-se” – ou naquilo que mais nos une e, ao mesmo tempo, nos afasta – “Acabei por descobrir que as culturas lutam pelas mesmas razões que as pessoas. Não é por sermos assim tão diferentes uns dos outros… É por sermos mesmo tão parecidos“. Quanto a Fiona Staples, continua a levar o leitor ao estado de delírio com um uso desregrado da cor e a criação de um universo singular feito de criaturas fantásticas e cenários que são pura e dura ficção científica.
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6. A Leoa – Um Retrato Gráfico de Karen Blixen” | Anne-Caroline Pandolfo e Terkel Risbjerg
Editora: G. Floy
Os desenhos a aguarela são de grande requinte, tanto na forma como mostram o corrupio na cidade como, sobretudo, o encanto dos grandes espaços do continente africano ou as abertas naturais urbanas, sempre na presença de um humor muito próprio e de uma melancolia que se sorve como um rebuçado. A edição em capa dura e de grande formato faz de “A Leoa” uma das mais bonitas biografias disponíveis no formato de banda desenhada.
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5. “Monstress” | Marjorie Liu e Sana Takeda
Editora: Saída de Emergência
Coragem, vingança, compaixão, tudo embrulhado em papel art déco com muita pinta e ainda estilo. “Monstress” acompanha a história de Maika Meiolobo, uma adolescente que sobreviveu a uma guerra cataclísmica entre humanos e arcânicos, acabando escravizada por bruxas inimigas que suspeitam dos seus poderes latentes. Um misto de ficção científica e fantasia, inspirada nas artes orientais do mangá e do anime, que adopta uma atitude punk em relação aos estereótipos normalmente associados às personagens femininas do universo da BD. O primeiro de, espera-se, 3 volumes.
(Crítica em breve)
4. “Parker: Jogo Mortal” | Richard Stark e Darwyn Cooke
Editora: Devir
Parker é aquilo que, na gíria cinéfila e no calão de ruas mal frequentadas, se costuma chamar – recorrendo a Língua alheia – de bad motherfucker. “Jogo Mortal”, criado por Richard Starke adaptado e ilustrado por Darwyn Cooke, é o quarto e último livro da aclamada série Parker, uma graphic novel onde este será posto à prova por polícias corruptos e gangsters manhosos. As ilustrações, com traço a negro e a companhia solitária de um cinzento-azulado, são de um cuidado e detalhe extremos, seja na forma arquitectónica como apresenta edifícios ou objectos, na expressividade que confere às personagens ou no modo cinematográfico com que ilustra a acção, comprovando que a BD é, de facto, a arte mais próxima do mundo da sétima arte.
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3. “O Homem que Passeia” | Jiro Taniguchi
Editora: Devir
Em “O Homem que Passeia” acompanhamos, por entre muitos silêncios e diálogos parcos mas intensos, a vida de um homem citadino e a sua relação com os subúrbios, por onde se passeia devagar, contemplando, observando, cheirando, tomando o pulso ao quase invisível e redescobrindo a natureza e as pequenas e fundamentais coisas da vida. Estamos muito perto daquilo que Bashô conseguiu criar com os haikus. Porém, a poesia e a vida resumida em três linhas cede aqui lugar a desenhos que são versos (quase) sem palavras. Os diálogos existem mas não para preencher o vazio, antes para o complementar, revelando toda a poesia que existe na banalidade do quotidiano.
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2. “O Diário de Anne Frank” | Ari Folman e David Polonsky
Editora: Porto Editora
Lançado mundialmente em celebração do 70º aniversário de “O Diário de Anne Frankesta é a primeira adaptação para banda desenhada de um dos livros maiores sobre o Holocausto, narrado na primeira pessoa por uma adolescente sem tempo para crescer. Folman e Polanski conseguiram captar não só o desespero como, também, o humor e a ironia de Frank, o seu crescimento humano reflectido através da escrita, o drama das famílias que se mantém vivo mesmo dentro de um anonimato cercado por quatro paredes. Uma fantástica adaptação.
(Crítica em breve)
1. “Nonnonba” | Shigeru Mizuki
Editora: Devir
“Nonnonba” tem tanto de autobiografia ilustrada como de homenagem à avó que deu a conhecer a Mizuki todo o misticismo, temor e reverência em relação ao mundo espiritual dos Yokai, entidades misteriosas e sobrenaturais da tradição medieval japonesa. Amizade, honra, morte, todo o Japão parece caber dentro desta história. Um dos legados maiores de Mizuki, exímio contador – e desenhador – de histórias, à Humanidade.
(Crítica em breve)
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