Prova de que o mainstream e o bom gosto nem sempre têm de andar de costas voltadas, o fenómeno Star Wars regressou em 2016 com muita pompa e ainda mais circunstância, unindo gerações, terminando com amizades por causa do raio do spoiler gritado aos sete ventos, abrindo espaço para a formulação de teorias: afinal de quem será Rey filha?
Na literatura, o fenómeno foi espremido como uma laranja sumarenta. Para além de terem voltado às prateleiras os clássicos escritos a partir dos filmes, assistiu-se à publicação de um incontável número de edições, entre os agora habitués livros dos filmes, desenhos das naves ou bandas desenhadas. Na editora Planeta, aproveitando talvez o facto de se encontrar logo à partida – e gramaticalmente – no espaço sideral, a temática Star Wars tem, para gáudio dos fãs – tanto miúdos como graúdos -, gerado uma série de edições marcada por uma grande diversidade.
Apontado aos jovens leitores e recorrendo a frames e recriações de fotografias do recente “O Despertar da Força”, chegaram-nos às mãos quatro edições: “Finn e a primeira ordem” e “O regresso de Han e Chewie” recriam duas das histórias que atravessam o filme, tratando de lhes arranjar um final fechado de modo a que os mais pequenos não se sintam perdidos. Histórias muito curtas, quase uma literatura-cinema, com poucas palavras e uma clara aposta na imagem como entertenimento. Há depois “Star Wars – o livro do filme“, numa versão reduzida de capa dura e uma outra mais densa, que troca o papel brilhante por um mate, com muito mais prosa e diálogos, já para um público que gosta de complementar as imagens com o sumo das palavras (e, porque não, umas pipocas ao lado para acompanhar a leitura). Ambas terminam no mesmo ponto, abrindo a porta a uma continuação que estará certamente para breve.
Já no universo da banda desenhada, e aqui direccionado para o público adulto, foi lançado o (primeiro) volume intitulado “O Ataque de Skywalker”, saído da imaginação de uma dupla de respeito: Jason Aaron no argumento e John Cassaday nos desenhos. O livro, que se situa na linha temporal pós “Uma nova esperança” – o mais antigo dos filmes e o quarto na cronologia -, já valeria a pena só pelo prefácio de Javier Agrafojo. Aqui se fala do triunfo do cinema de evasão, de escape ao real, de um filme que deu início à era blockbuster e ao fascínio pelos efeitos especiais. Da guerra surda entre os fãs mais aficcionados de Star Wars e Star Trek, que opõe a emoção ao intelecto, como se fosse impossível gostar de ambas. Ou, ainda, do percurso de George Lucas, dos seus pares cinéfilos, das influências e pilhagens que o realizador concretizou para criar uma das mais míticas séries cinéfilas. Uma história para quase todas as idades que troca o “Era uma vez” por uma outra música que tem feito sonhar várias gerações: “Há muito, muito tempo, numa galáxia muito, muito distante…”
Neste primeiro volume, e mesmo que da Estrela da Morte não sobre mais que poeira cósmica, o Imperador não se dá por vencido, apesar de os rebeldes desencadearam uma ousada ofensiva para restaurar, por fim, a liberdade na galáxia. Porém, um assalto que corre tremendamente mal coloca o verdusco Luke frente e frente com Darth Vader, escapando por um triz e com a clara convicção de que não é, afinal, um Jedi como Kenobi o havia previsto. Ainda assim continua a treinar e, de modo a encontrar as respostas que procura, aventura-se numa missão de aspecto suicida rumo ao único lugar da galáxia onde poderá estar enterrada a verdade: Tatooine. Aí terá de lidar com Boba Fett, enviado por Darth Vader para lhe tratar da saúde. Mas há também Solo e Leya, num eterno jogo de flirt com muita ironia pelo meio, bem como personagens como Chewbacca ou Jabba, sem as quais o universo Star Ears estaria incompleto.
Cassaday, conhecido pelos amantes e seguidores da banda desenhada pelo seu incrível trabalho em séries como Planetary e Astonishing X-Men, transforma o livro numa experiência cinéfila, recorrendo a longos painéis horizontais que desenham telas no papel. Um banho de nostalgia que levará os fãs de longa data a uma experiência com um toque de transcendental. Espera-se agora, ansiosamente, pelo segundo volume da série.
Mas não se ficam por aqui as publicações da Planeta no que toca ao universo Star Wars. Ainda na banda desenhada, a editora lançou em 2015 “Star Wars – A Saga Completa”, um livro com mais de 600 páginas que reúne os seis primeiros episódios da série, incluindo as versões redesenhadas ou remasterizadas e a lista de guionistas e desenhadores que nele participaram.
Há ainda o “Guia visual definitivo”, com mais de 1000 imagens dos filmes, cartoons, BD, livros e séries de televisão, bem como do merchandising e da partilha de imagens captadas durante as filmagens. Ou o “Guia visual Star Wars Rebels” – e outros à volta deste universo adaptado aos mais novos -, uma introdução ao universo Star Wars no que toca a personagens, armas, veículos e locais, servido em grande formato e capa dura.
Outra das grandes edições da Planeta com o selo Star Wars tem a assinatura de Jeffery Brown, de quem a editora já publicou “Darth Vader e Filho”, “Darth Vader e a sua Princezinha” e “Boa noite Darth Vader”, estando a caminho o quarto volume com o título “Darth Vader e amigos”. Cartoons para os mais novos que farão de Star Wars um incontornável assunto de família.
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