Depois de termos dedicado algumas linhas muito elogiosas a “O Pedaço que Falta Encontra o Grande O”, é tempo agora de regressar à casa de partida e ao livro onde tudo começou a rolar.
Escrito por Shel Silverstein em 1976, “O Pedaço que Falta” (Bertrand Editora, 2019) conta a história de uma forma geométrica que se sente incompleta. Nas palavras do narrador, “faltava-lhe um pedaço. E não era feliz”.
O bem-disposto e incompleto círculo, que poderia bem ser um parente não muito afastado do pacman, faz-se então à estrada – ou, melhor dizendo, a uma linha que está longe de ser linear –, e não há chuva, sol ou neve que lhe retire a motivação de encontrar o pedaço que julga estar-lhe destinado.
Com desenhos a preto e branco de uma simplicidade desarmante, onde descobrimos minhocas, flores, montanhas, borboletas, muros de pedra, montanhas ou tempestades de neve, Shel Silverstein olha para a eterna procura e a impossibilidade da realização humana, mostrando que é na incompletude que reside, quem sabe, a maior das felicidades. Um livro belíssimo disponível em edição de capa dura.
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