Será que todas as palavras fizeram morada no primeiro dicionário de inglês? A resposta é não. Em 1901, descobriu-se que a palavra “escrava” não constava no Dicionário de Inglês de Oxford, por não ser importante o suficiente. Esta é a história da menina que a “roubou”.
“O Dicionário das Palavras Perdidas” (Porto Editora, 2022) fala-nos acerca de uma jovem rebelde, curiosa e interessada, que cresceu debaixo da secretária do pai, lexicógrafo de profissão. O seu nome era Esme, e a sua missão era dar vida às palavras: às eruditas em trabalho e às populares e femininas nos entreténs.
Este livro presenteia-nos com factos históricos acerca do primeiro dicionário de inglês, das palavras, da primeira guerra mundial e da luta das mulheres. Esme foi um acrescento à realidade. Criada por Pip Williams, esta personagem dá um toque mágico ao enredo e salienta as desigualdades existentes no século XX.
Numa altura em que o mundo erudito só tinha espaço para os homens, criou-se um reservatório de palavras tendencioso, à medida dos seus desejos e privilégios, tendo sido omitidos, por serem pouco adequados ou por não terem a importância, muitos termos femininos – partes do corpo, sentimentos e objectos de uso diário. Esme colmatou essas falhas com a recolha de palavras soltas, cheias de sentido e significado, guardando-as numa mala de viagem sem uso, escondida debaixo de uma cama coberta de pó.
Nas 422 páginas deste livro é enaltecido o papel das palavras e reforçado o seu significado. Entre linhas, retiramos conclusões quanto às ausências, que contam também elas uma história. Esta obra é uma ode à mulher e à população menos favorecida, que vive imersa em trabalho e não tem tempo nem espaço para se expressar quanto às injustiças de que é alvo. Que “ontem, hoje e amanhã“, as palavras sirvam o nosso propósito de construirmos um mundo melhor e mais justo.
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