Sobre “E de Extinção”, o livro que deu o pontapé de saída a esta publicação em 4 volumes pela G. Floy, escrevemos elogios como este: “Uma série obrigatória para os apreciadores dos X-Men, que aqui trocam os fatos de licra de corte clássico por elegantes blusões de cabedal e outros adereços capazes de figurar num desfile da Moda Lisboa”.
“Império” (G. Floy, 2020), o livro que deixa a série a meio, mantém esta adaptação de Grant Morrison (textos) e Frank Quitely (desenhos) em ponto de caramelo. Uma série originalmente publicada a partir de 2001, e que foi uma das mais interessantes e irreverentes criações a partir do então já saturado universo mutante dos X-Men.
Do gangue residente no Instituto Xavier para Jovens Sobredotados, a dupla optou por algumas transformações: Hank McCoy transformou-se num felino poderoso com pelo azul, Jean Grey adquiriu poderes telecinéticos e Emma Frost ganhou o poder de transformar a pele em diamante indestrutível.
O primeiro volume trouxe-nos um furacão de nome Cassandra Nova que, depois de tomar o controlo de um exército de sentinelas adormecido, lançou um ataque sobre Genosha, exterminando 16 milhões de mutantes, Magneto incluído. Uma das sobreviventes foi Emma Frost, em tempos inimiga dos X-Men, que consegue apanhar Cassandra antes de esta utilizar a Cérebra para localizar e matar todos os mutantes. Cassandra tem, porém, mais vidas do que as de um gato, e além disso partilha o mesmo ADN de Charles Xavier – é a sua irmã gémea, que por ter nascido sem um corpo próprio teve de improvisar utilizando células do irmão.
Neste volume, Charles Xavier – ou Professor X – está em coma, preso no corpo arruinado de Cassandra – segundo Jean Grey, “a consciência dele está aprisionada num corpo armadilhado consumido por Alzheimer, Creutzfeldt-Jakob e atrofia dos neurónios motores” -, enquanto esta toma conta do seu para lançar a discórdia no império Shi`ar, que decide apoiar Cassandra e dirigir-se à Terra para tratar da saúde de todos os mutantes.
Segundo a imprensa, ainda longe de saber do comboio de destruição que está a caminho da Terra, os X-Men são o novo rock n roll, e por momentos parece que poderemos estar a caminhar para um mundo onde humanos e mutantes, sem andarem necessariamente de mãos dadas, consigam estar no mesmo supermercado às compras ou a viajar no mesmo autocarro.
Reunindo os títulos New X-Men #122-133, este volume aumenta a temperatura e põe os X-Men a lidar com uma febre provocada por nano-sentinelas, máquinas bacteriológicas assassinas; oferece máximas filosófico-existenciais como “debaixo das leis de todas as civilizações, esconde-se uma fera enraivecida, lutando por libertar-se das correntes”; oferece a incrível história de Xorn, um dos mais conseguidos momentos deste segundo volume; acompanha a relação cada vez mais tremida de Jean Frey com Scott Summers, tendo este último consultas de terapia com a lasciva Emma Frost; dá-nos a conhecer Fantomex, o mais famoso criminoso da Europa; aponta-nos a Arma XII, a mais recente de uma série de “armas vivas” desenhadas pela indústria militar; partilha com o leitor o humor de Grant Morrison, como quando se lê “ela disse que eram um exército. Deve ser o único exército que cabe no mesmo táxi”; ou regressando a Genosha e aos seus fantasmas, oferecendo um final que deixa água na boca. Um festim.
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