Raros são os livros que começam com um convite. Não nos referimos ao convite para ler e usufruir desse prazer, ou do gosto de dar a ler ou a conhecer novo livro. Trata-se de um convite para executar uma tarefa. Na primeira página de “Nano: A Espetacular Ciência das Coisas Muito (Mesmo Muito) Pequenas” (Lilliput, 2023), o leitor é convidado a olhar e a observar atentamente: “Em tua casa, olha à tua volta. Tudo é feito de algo”.
Para nos ajudar nesta actividade usufruímos de uma belíssima ilustração de uma casa, talvez muito parecida com a nossa, onde encontramos etiquetas com pistas para orientar o nosso olhar e encontrar “algo” leve ou pesado, resistente, flexível, suave e áspero. Quer isto dizer que as coisas, das nossas casas, são feitas de diferentes materiais? O que os diferencia? Como conseguimos observar esses materiais? Para os conhecer teremos de estudá-los “mesmo muito de perto – na verdade, tens de olhar para dentro deles”, o que nem sempre é fácil uma vez que são minúsculos (que não é mesma coisa do que dizer pequeno), invisíveis aos nossos olhos.
Cada material é constituído por elementos invisíveis a que chamamos átomos. Parece estranho, mas não podemos ignorar que todas as coisas no nosso planeta são feitas de átomos – até nós. “O ar que respiramos? Átomos. A água que bebemos? Átomos. A nossa casa e todas as nossas coisas? Átomos. E todos os seres vivos, incluindo NÓS — átomos, átomos, átomos!”.
Há diferentes “tipos” de átomos e cada “tipo” é chamado de elemento; “a forma como se misturam afecta a sua aparência e sensação – se são resistentes ou flexíveis, leves ou pesados. Os seres humanos são feitos de 11 elementos diferentes”.
“Nano: A Espetacular Ciência das Coisas Muito (Mesmo Muito) Pequenas” é um livro de não-ficção fantástico, onde a ciência e a arte se abraçam e nos desvendam os mistérios da nanociência. O prefixo “nano” significa “muito pequeno, anão”, e é a expressão usada para designar pesos e medidas – o milésimo do milionésimo.
Ao desbravar este magnifico e precioso livro, o jovem leitor inicia-se na descoberta da química das coisas que se encontra escondida no nosso quotidiano, nos objectos que guardamos ou que temos de usar frequentemente.
As elegantes e graciosas ilustrações, em pleno diálogo com as informações, ampliam os conhecimentos e a vontade de conhecer a vida por dentro, a vida da multidão inumerável de partículas que habitam em nós e entre nós. Um livro para questionar, (re)ler e nele descobrir um mundo imperceptível. Para divulgar, informar e dialogar.
Jess Wade é uma cientista brilhante com grande entusiasmo pela igualdade. Durante o dia, trabalha nos incríveis laboratórios da Imperial College London, onde cria novos materiais para usar em aparelhos electrónicos. Passa os seus serões a tentar fazer da ciência um lugar mais igualitário e justo, celebrando as contribuições fenomenais de investigadores que são muitas vezes ignorados. O contributo de Jess Wade como activista e cientísta já foi distinguido com inúmeros prémios e menções, como a Julia Higgins Medal, do Imperial College London, o Robin Perrin Award e a Jocelyn Bell Burnell Medal and Prize. Todos eles importantes reconhecimentos no meio científico.
Melissa Castrillón é uma ilustradora inglesa e colombiana, que adora padrões inusitados e cores ousadas. Provavelmente, passa muito tempo a sonhar acordada com todos estes elementos e sobre a melhor forma de os aplicar em novos projectos. Melissa já ilustrou mais de uma dezena de álbuns infantis, e foi também autora do texto em três deles. Os seus livros já foram traduzidos para mais de 20 línguas. Em 2019 foi premiada com a medalha de ouro da Society of illustrators, em Nova Iorque.
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