Quem olhar para a capa de “Mortina” (Bertrand, 2018), facilmente julgará estar no mesmo universo de Tim Burton, mais concretamente naquele onde se casou a Noiva Cadáver. Com “uma palidez mortal, a puxar para o cinzento-esverdeado“, Mortina “conseguia despegar partes do corpo quando lhe apetecia, como se fosse uma boneca“, o que fazia dela uma morta-viva – ou, posto de outra forma, uma menina morta-viva.
Mortina vivia num casarão decadente com a sua tia falecida, tendo como companhia o Tristonho, um galgo albino que ninguém conseguia dizer se estava vivo ou morto-vivo. Proibida pela tia de brincar com as crianças da aldeia e de ter amigos, o desejo de Mortina era que o calendário pudesse ficar congelado para sempre no Halloween, dia em que podia ser olhada por todos como uma criança normal. Isto até ao momento em que decidiu fazer um estranho malabarismo… com a própria cabeça.
Cruzamento entre a visão cinéfila de Burton, o humor da Família Adams e a moral do Hotel Transylvania, “Mortina” é um delicioso livro sobre o respeito pela diferença e a sua aceitação, com ilustrações entre o susto e a pura infantilidade, acompanhadas de legendas com todo o tipo de pormenores, que nos vão mostrando com que fios se tece a vida tão particular desta personagem. Trata-se do primeiro livro de Barbara Cantini como autora e ilustradora.
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