Matilde tem dez anos e vive numa terra distante com os pais e com Fred, o seu melhor amigo que a acompanha sempre. Matilde era uma ótima condutora de vassouras, o que é normal para quem é bruxa. Neste caso, uma bruxa boa.
Um dia, vai para a cidade viver com a tia, uma mulher – ou melhor, uma bruxa – sensata, acessível e misteriosa. Na sua nova vida, Matilde tem de gerir a descoberta de novas regras sociais e escolares com a sua curiosidade crescente pelas artes mágicas, em que tropeça involuntariamente. Na maravilhosa biblioteca da tia muitas eram as estantes, prateleiras altas onde nem sempre se acedia facilmente, mas onde se encontravam os livros aliciantes. Espreitou, voltou a espreitar atentamente e, numa das lombadas, leu “Escola de Magia do Conde do Monte Negro”. Que livro seria aquele? Cada vez mais curiosa quis agarrá-lo, mas “por mais que se esticasse, não conseguia lá chegar. Nem empoleirada numa cadeira. Parecia que os livros se afastavam sozinhos”. Desistir nunca, pensou. Talvez tenha chegado a hora de experimentar o feitiço de fazer pequenos objectos levitar. Mexeu os dedos e disse: “Flutua, como leve pena. Paira, peso pluma, nesse plano. Nuvem de algodão!”. Será que resultou?
“Matilde e a Cidade das Portas Mágicas” (Nuvem de Letras, 2020) é uma narrativa fantasiosa com ligações ao mundo das bruxas e da magia, equilibrada, entre a apresentação das personagens e do desenvolvimento do mistério e a aventura final. Trata-se do primeiro título de uma colecção juvenil protagonizada pela bruxinha Matilde, escrito e ilustrado por Patrícia Furtado.
Patrícia Furtado aprendeu a ler aos três anos e, por volta dos seis, já ostentava um belíssimo par de óculos. Passava os intervalos das aulas enterrada em livros e nunca tinha os cadernos em dia. Estavam cheios de rabiscos. Aos 16, ganhou uma viagem de autocarro pela Europa com um conto que escreveu mas, por essa altura, já tinha mudado de ideias e escolhido as Belas Artes. Desenhou dezenas de capas, ilustrou pilhas de livros e conviveu com alguns dos seus autores favoritos. Um dia, lembrou-se de que ainda ia a tempo de ser também escritora e voltou às suas histórias.
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