“Como jovens que somos, estávamos loucas com o,amor que o mundo tem para oferecer – as árvores, os pássaros, as ervas do bosque e as outras coisas vivas que deixaram o seu rasto nocturno na lama à volta das nossas janelas. Queríamos aprender mais sobre eles, saber o nome deste ou daquele maravilhoso pássaro ou flor brilhante. Havia outras coisas no mundo, verde e vivo que tinham para nós um charme atractivo, o apelo quase anti-natural da curiosidade para saber o que o mundo tem para revelar. Queríamos aprender a acampar e a viver, não só como as raparigas em que nos estávamos a transformar, mas também a aprender truques para viver confortável na implacável natureza selvagem.”
Desenganem-se aqueles que, fazendo fé no parágrafo acima transcrito, julgam estar perante uma patrulha arrancada ao Corpo Nacional de Escutas, baptizada com um nome de um bicho qualquer. O desabafo em tom poético serve, antes e como uma luva, às Lumberjanes, um estranho grupo de escoteiras que, em boa verdade, estariam mais do que prontas para um acampamento festivaleiro.
Em “Cuidado com o sagrado gatinho” (Devir, 2016), o primeiro livro da série, viajamos até ao muito comprido Miss Qiunzella Thiskwin Penniquiqul Thistle Crumpet, um campo para raparigas tipo hardcore onde acontecem coisas ao nível de um Stranger Things animado: há raposas de três olhos, cavernas super-secretas e um fartote de anagramas. Isto sem falar de um grupo de criaturas sobrenaturais, com os olhos vidrados e dentes que poderiam estar na boca do próprio Drácula.
As ilustrações usam e abusam de cores vivas, com um traço que aponta aos primeiros anos da era teenager – a série está recomendada para adolescentes entre os 13 e os 17 anos. Humor, espirituosidade e um toque de absurdo são os ingredientes de uma série que recebeu, em 2015, o Prémio Eisner em duas categorias: Melhor Série Estreante e Melhor Publicação Para Adolescentes entre 13 e 17 anos. Alerta leitores, saudação em posição.
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