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Love Me Do! A Ascensão dos Beatles, Love Me Do!, Guerra e Paz, Deus Me Livro, Crítica, Michael Braun
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“Love Me Do! A Ascensão dos Beatles” | Michael Braun

Por Pedro Miguel Silva · Em 18/01/2023

É considerada por muitos, entre as mais de 250 edições só em língua inglesa, talvez a melhor biografia escrita sobre os Beatles. Em relação a “Love Me Do! A Ascensão dos Beatles” (Guerra & Paz, 2022), John Lennon teceu estas palavras, então em comparação – numa entrevista à Rolling Stone – com a biografia rejeitada, escrita por Hunter Davies: “Love Me Do! era um livro melhor. Descreveu-nos como éramos, ou seja, uns verdadeiros sacanas. Não se consegue ser outra coisa quando se está sob tanta pressão”. Ainda assim, Michael Braun não teve vida fácil: a revista mensal dedicada aos fãs dos Beatles fez vista grossa à publicação e, quanto ao NME (New Musical Express), chamou ao livro “um assassino de imagem”.

Escrito em 1964, “Love Me Do!” acompanha os primeiros da Beatlemania. 1963 é o ano de “Please, Please Me”, o primeiro single de sucesso do quarteto de Liverpool que os leva ao nº 1 dos tops, seguindo-se uma digressão de seis semanas. Braun andou por lá, assim como em Londres e nas digressões a Paris e aos Estados Unidos, onde pôde escutar conversas privadas da banda, assistir a gravações em estúdio e a todo o tipo de fugas engendradas para escapar aos fãs mais atrevidos e possuídos pela Beatlemania.

Enquanto, um pouco por todo o lado, os Beatles eram descritos como uns betinhos bem-comportados, responsáveis por um dos mais estranhos cortes de cabelo que dominou, a dado momento, a moda capilar, Braun era adepto de lançar a confusão, não receando acrescentar, por exemplo, que os Beatles gostavam de coca-cola, sobretudo com um cheirinho a whiskey. Ele que, no prólogo de uma posterior edição de 1995, referiu o momento em que teve a certeza de que o nome da banda ficaria para sempre gravado na pedra: “Na noite em que cheguei, conheci os Beatles e pressenti que vislumbrava o futuro. Não era tanto a sua música, que, de qualquer forma, era difícil ouvir por causa da gritaria dos fãs. Nem sequer era a reacção delirante doo público. Afinal, sou oriundo da cultura que dera origem a Elvis. Foi depois, quando observei e conversei com aqueles que eram então conhecidos como os Fab Four [Quatro Fantásticos], que comecei a suspeitar que estava na presença de um novo tipo de pessoas. Eram rapazes citadinos da classe trabalhadora que, se fossem norte-americanos, teriam gostado de Frankie Lane, Frankie Valli ou Frankie Avalon. Em vez disso, ouviam e falavam de Muddy Waters, Little Richard e Buddy Holly. Também se interessavam por Fellini, Kerouac e marijuana. De facto, ecoavam tudo aquilo a que viemos a chamar Cultura Pop. Durante os meses que se seguiram, enquanto percorríamos o país de lés a lés, riam-se e galhofavam entre si, a afinarem as personagens colectivas que iriam apresentar ao mundo”.

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Para além de revelar episódios como a escolha do nome, lançado por um membro da banda que morreu de leucemia antes de fazer 22 anos – com o devido twist de Lennon -, Braun leva o leitor numa viagem fascinante, acompanhando os Beatles numa vertigem de digressões onde imperava o circo mediático, as conferências de imprensa com o clássico humor britânico, as cáusticas conversas de bastidores, os sonhos travessos da fama ou a perseguição de fãs – mostram-se aqui algumas das deliciosas cartas e bilhetes que chegaram às mãos dos Fab Four. Tudo na companhia de muito álcool, alguns palavrões e imperfeições tremendas, que mostram os Beatles como nunca os tínhamos visto. Um pouco ao estilo do “Almost Famous”, filme de culto de Cameron Crowe, mas com um jornalista já crescido.

Michael Braun nasceu a 28 de Abril de 1936, em Nova Iorque, e formou-se na Universidade de Harvard, em 1958. Durante a década de 1960 e parte da década de 1970 viveu em Londres. De 1960 a 1963, foi assistente de Stanley Kubrick, que se tinha mudado para Londres para realizar “Lolita” e “Dr. Strangelove”, e mais tarde trabalhou para Roman Polanski. Em Londres, começou a escrever para o Observer e para o Sunday Times, tendo, no auge da sua carreira, acompanhado uma nova banda emergente chamada Beatles na sua primeira digressão britânica. Do seu diário de bastidores nasceu este “Love Me Do!”, o primeiro livro alguma vez escrito sobre a lendária banda britânica. 

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Pedro Miguel Silva

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