• Mil Folhas
  • Música Com Cabeça
  • Cine ou Sopas
deusmelivro
Eduardo Pitta, Devastação, Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor, Irene Guerra Marques, Carlos Ferreira, Deus Me Livro, D. Quixote, Dom Quixote, Guerra & Paz, Jonathan Swift (1667-1745) poderá, quanto muito, remeter para As Viagens de Gulliver, Uma Modesta Proposta, Os Benefícios de dar Peidos, 1984, George Orwell, Sybille Titeux de la Croix, Amazing Améziane, Cavalo de Ferro, Fernando Ribeiro, Bairro sem Saída, Suma de Letras, Luiz Vaz de Camões, Os Lusíadas
Mil Folhas 1

Livros de 2021: ainda posso?

Por João Morales · Em 11/01/2022

Como em tantas coisas na vida, chego atrasado aos balanços de 2021. Mas não resisti. Aqui ficam algumas palavras sobre seis livros que me marcaram no ano que findou ainda há poucochinho. Apesar de pouco ter escrito sobre livros ao longo de 2021 (o que não significa que tenha estado distante deles, quer a nível pessoal, quer no que respeita às actividades profissionais desenvolvidas – bem pelo contrário), não resisto a fazer o gosto ao(s) dedo(s) e assumir algumas palavras sobre uns poucos títulos que foram publicados durante 2021 em Portugal e merecem a nossa atenção. A nossa, a vossa e a de quem passar por estas linhas. Não se trata de um “best of” do ano, nem sequer de recensões, nada disso, apenas uma curta memória de alguns livros que me passaram pelos olhos durante este ano e cumpriram bem o seu papel.

Eduardo Pitta, Devastação, Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor, Irene Guerra Marques, Carlos Ferreira, Deus Me Livro, D. Quixote, Dom Quixote, Guerra & Paz, Jonathan Swift (1667-1745) poderá, quanto muito, remeter para As Viagens de Gulliver, Uma Modesta Proposta, Os Benefícios de dar Peidos, 1984, George Orwell, Sybille Titeux de la Croix, Amazing Améziane, Cavalo de Ferro, Fernando Ribeiro, Bairro sem Saída, Suma de Letras, Luiz Vaz de Camões, Os LusíadasComeço por um pequeno volume de contos, com a assinatura de Eduardo Pitta, autor que divide a sua escrita entre a poesia, a crítica literária, algumas reflexões de pendor político (num sentido lato do termo) e, como aqui, a ficção. “Devastação“, dado à estampa pela Dom Quixote, lê-se rapidamente. Mas deixa marcas. A escrita é enxuta, mas os elementos do seu universo criativo estão bem visíveis. Na escolha da maioria dos personagens e o meio sócio-económico onde se movem; na permanente desmistificação de uma felicidade aparente que, tantas vezes, enforma vidas inteiras; na exibição da hipocrisia social; na recordação do pulo de gigante que foi o êxodo de tantas vidas, construídas numa África (talvez) ainda por entender; nas referências intelectuais e artísticas; na questão da homossexualidade ainda ser uma questão.

Em todos estes contos há uma relação de causa-efeito entre o passado e as suas consequências, optando o autor por alguns desenlaces em que a surpresa, a intensidade do desfecho, deixam no ar um certo ambiente de fatum inexorável. Todos os contos têm nome de gente e é disso mesmo que tratam, de pessoas e de vidas, de escolhas e de consequências, como no inesquecível “João Pedro”, no centro de um Natal muito peculiar (onde a tia Adelaide parece ser algo semelhante à tia Laura, figura que encerra de forma inesquecível Cidade Proibida, romance do mesmo Eduardo Pitta, publicado em 2007).

Eduardo Pitta, Devastação, Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor, Irene Guerra Marques, Carlos Ferreira, Deus Me Livro, D. Quixote, Dom Quixote, Guerra & Paz, Jonathan Swift (1667-1745) poderá, quanto muito, remeter para As Viagens de Gulliver, Uma Modesta Proposta, Os Benefícios de dar Peidos, 1984, George Orwell, Sybille Titeux de la Croix, Amazing Améziane, Cavalo de Ferro, Fernando Ribeiro, Bairro sem Saída, Suma de Letras, Luiz Vaz de Camões, Os LusíadasNum registo completamente diferente, com uma dimensão oposta, foi uma boa surpresa encontrar “Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor“, uma apelativa antologia de poesia angolana, elaborada pela docente universitária Irene Guerra Marques e pelo poeta Carlos Ferreira (com presença assinalável na Rádio e Imprensa), em iniciativa editorial da Guerra & Paz. E apelativa, por vários motivos. Antes de mais, pela magnitude e abrangência a que se propõe. Estamos a falar de um livro com quase 700 páginas, mais de 600 textos, incluindo mais de três dezenas de transcrições de poemas orais em quatro línguas faladas em Angola (kikongo, kimbundo, cuanhama e umbundu). O trabalho apresenta-se organizado em três partes. A saber: 1) Formas de arte verbal ou oratura; 2) Precursores (séculos XVII-XIX); 3) Modernidade e Contemporaneidade (continuidades e descontinuidades), onde encontramos os textos mais recentes, dos séculos XX e XXI.

Nestas páginas coexistem diferentes abordagens à carga telúrica, cuja funda matriz se faz sentir em diversas destas vozes poéticas, diferentes gerações e sensibilidades, uma História sentida e transmitida, iconografia e simbologia partilhada, mitos e sonhos, aproximações complementares à figura humana, à memória colectiva, à unificação com a Natureza e as tradições. Mas também momentos de revolta e disrupção, de aclamação da modernidade e da discordância, olhares apontados para uma luz que tarda em ganhar contornos de perenidade.

Trata-se, indubitavelmente, de uma obra ambiciosa, servindo, simultaneamente, as necessidades de consulta encontradas por investigadores, académicos e demais estudiosos, ao mesmo tempo que convida a um mergulho descomprometido aos apreciadores de poesia que encontrarão aqui, lado a lado, nomes que reconhecerão e textos que se arriscam a ser uma luminosa descoberta. Num total de 135 autores identificados, passeamos por realidades e épocas distintas, construindo um corpus identitário e multifacetado, que evoca os elementos e a memória, as contingências históricas e as crenças, a iconografia e a geografia.

Eduardo Pitta, Devastação, Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor, Irene Guerra Marques, Carlos Ferreira, Deus Me Livro, D. Quixote, Dom Quixote, Guerra & Paz, Jonathan Swift (1667-1745) poderá, quanto muito, remeter para As Viagens de Gulliver, Uma Modesta Proposta, Os Benefícios de dar Peidos, 1984, George Orwell, Sybille Titeux de la Croix, Amazing Améziane, Cavalo de Ferro, Fernando Ribeiro, Bairro sem Saída, Suma de Letras, Luiz Vaz de Camões, Os LusíadasA mesma editora, Guerra & Paz, é responsável, em 2021, por outro lançamento que não deve ser subestimado. Se, aos mais novos, o nome de Jonathan Swift (1667-1745) poderá, quanto muito, remeter para “As Viagens de Gulliver”, este natural de Dublin é responsável por um dos mais espantosos textos da literatura de língua inglesa da sua época, um manifesto que vai muito para além do humor negro em que tantas vezes é “arrumado” e que estende o seu alcance a uma visão política da sociedade: crítica, lúcida e – infeliz e paradoxalmente – extremamente actual.

Falo-vos do texto “Uma Modesta Proposta”, escrito em 1729, que regressa às livrarias. A quem não conheça, imagine que a proposta passa por aconselhar os pobres a vender os seus filhos para que os ricos os possam cozinhar e alimentar-se deles, transformando o fardo o seu sustento na solução do sucesso dos pais. A apenas aparente dureza e crueldade serve de aconchego a uma inteligente e certeira metáfora, trazendo, mais uma vez a lume (pouco brando) o carácter ideológico que podemos encontrar em toda a obra deste autor (mesmo nas deambulações de Gulliver, em mundos onde, ora é o mais pequeno, ora assume o papel de gigante desproporcional).

Esta obra-prima surge, desta vez, integrada numa edição que chama para a capa um outro prodígio de provocação e combate político-social, pela primeira vez em tradução portuguesa: “Os Benefícios de dar Peidos” (tradução de Ana Relvas França e revisão literária de André Morgado) é um título que não pode deixar ninguém indiferente.

Estamos perante um texto anterior, datado de 1722 e, como explicam as palavras de introdução, do próprio editor, Manuel S. Fonseca, Swift aconselha “as modestas damas a não se torcerem em pudores, encorajando-as a libertarem-se de aragens e ventosidades, única forma de protegerem a saúde, que os então novos costumes de beber chá e café poriam em perigo”.

Como bem contextualiza este mesmo texto explicativo, a intenção do autor de outros momentos igualmente memoráveis de sagaz provocação literária (como “Preceitos para Uso do Pessoal Doméstico” ou “Um Argumento Contra a Abolição do Cristianismo”) é mais profunda e subtil: “escatológica, a peça swiftiana é também política e religiosa e terá, porventura, sido concebida como sátira inconformada e inconformista ao capítulo The Benefits of Fasting (Os Benefícios de Jejuar) que o bispo e vice-reitor da Universidade de Dublin, Jeremy Taylor, escreveu num venerável The Rules and Exercices of Holy Living“.

Eduardo Pitta, Devastação, Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor, Irene Guerra Marques, Carlos Ferreira, Deus Me Livro, D. Quixote, Dom Quixote, Guerra & Paz, Jonathan Swift (1667-1745) poderá, quanto muito, remeter para As Viagens de Gulliver, Uma Modesta Proposta, Os Benefícios de dar Peidos, 1984, George Orwell, Sybille Titeux de la Croix, Amazing Améziane, Cavalo de Ferro, Fernando Ribeiro, Bairro sem Saída, Suma de Letras, Luiz Vaz de Camões, Os LusíadasFalemos agora de Banda Desenhada, género que esteve muito bem representado no panorama editorial português. Destaco um, até porque, tratando-se de uma adaptação, neste caso da obra mais famosa de um dos grandes escritores do séc. XX, funciona como um excelente exemplo disso mesmo, a demonstração de que adaptar para BD um romance não implica co colocar o máximo de texto possível (tal como num filme).

A obra em causa é a distopia “1984“, escrita por George Orwell, que conheceu diversas versões no universo da designada Nona Arte a transporem a mais famosa parábola sobre ditaduras. A versão de Sybille Titeux de la Croix (texto) e Amazing Améziane (imagens), com tradução de Diogo Paiva, publicada pela Cavalo de Ferro, traz-nos a história de Winston Smith, funcionário do Ministério da Verdade, servida num contexto gráfico extremamente adequado, recorrendo a uma estética francamente devedora da Publicidade, das Artes Gráficas e de todo um imaginário devedor do Construtivismo Russo, tudo referências que nem sequer destoam da sociedade totalitária e manipuladora em que assenta a narrativa. O texto não abunda, há imagens a ocuparem uma página inteira (uma vinheta única, portanto) e o efeito é impressionante.

Eduardo Pitta, Devastação, Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor, Irene Guerra Marques, Carlos Ferreira, Deus Me Livro, D. Quixote, Dom Quixote, Guerra & Paz, Jonathan Swift (1667-1745) poderá, quanto muito, remeter para As Viagens de Gulliver, Uma Modesta Proposta, Os Benefícios de dar Peidos, 1984, George Orwell, Sybille Titeux de la Croix, Amazing Améziane, Cavalo de Ferro, Fernando Ribeiro, Bairro sem Saída, Suma de Letras, Luiz Vaz de Camões, Os LusíadasUma boa surpresa foi o romance de estreia de Fernando Ribeiro, mais conhecido de muitos pela presença em palco como vocalista dos Moonspell, mas já com diversas incursões no mundo editorial, quer pela poesia, quer por alguns contos, prefácios e traduções. “Bairro sem Saída“, em edição da Suma de Letras, era um projecto já antigo do músico, que toma como cenário o bairro da Brandoa que tão bem conheceu, transfigurando o local e as suas memórias, recorrendo a diversas referências (marcas, programas de televisão e outras) para datar a narrativa e mesclar realidade e ficção, entrecruzando a dimensão autobiográfica com um retrato político e social da época, tudo servido num registo fortemente alicerçado na tradição pícara e finalizando com laivos de sobrenatural. Tudo conjugado, confirma-se a capacidade de Fernando Ribeiro em contar, bem, e de forma apelativa e original, uma história em que muitos reconhecerão outras, fruto de uma memória colectiva sempre presente ao longo de todo o livro.

Eduardo Pitta, Devastação, Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor, Irene Guerra Marques, Carlos Ferreira, Deus Me Livro, D. Quixote, Dom Quixote, Guerra & Paz, Jonathan Swift (1667-1745) poderá, quanto muito, remeter para As Viagens de Gulliver, Uma Modesta Proposta, Os Benefícios de dar Peidos, 1984, George Orwell, Sybille Titeux de la Croix, Amazing Améziane, Cavalo de Ferro, Fernando Ribeiro, Bairro sem Saída, Suma de Letras, Luiz Vaz de Camões, Os LusíadasPara encerrar esta curta, mas sincera e dedicada, deambulação por alguns livros que merecem atenção (a minha, mereceram, daí a opinião nada imparcial) e chegaram à edição portuguesa em 2021, escolhi um livro com séculos de escrita, uma das obras centrais da literatura portuguesa, numa elegante edição, abrilhantada com ilustrações de primeiríssima água. Graças a uma abrangente colaboração – trata-se de uma co-edição entre a Universidade do Minho/UMinho Editora e a Faktoria K de Livros, uma chancela da Kalandraka, em parceria com o Município de Guimarães – ganhámos uma elegante edição em capa dura da obra maior de Luis Vaz de Camões, “Os Lusíadas“, com ilustrações de onze artistas: Amanda Baeza, Carolina Celas, Catarina Gomes, Inês Machado, Joana Estrela, Joana Rêgo, Madalena Matoso, Mariana Rio, Marta Madureira e Marta Monteiro. Quanto ao texto, surge numa actualização de Rita Marnoto (da Universidade de Coimbra) e a edição inclui uma apresentação de Rui Vieira de Castro (Reitor da Universidade do Minho).

Apontar os melhores livros do ano, é um exercício assaz arriscado, quiçá inglório, certamente injusto. Partilhar algumas das leituras mais impactantes, tarefa pessoal, subjectiva e fortemente associada a afinidades várias, isso, achei que conseguiria fazer. Mesmo com uns dias de atraso, permitam-me a ousadia. E um Bom Ano de 2022, prenhe de páginas que nos cativem.

1984Amazing AmézianeBairro sem SaídaCarlos FerreiraCavalo de FerroD. QuixoteDeus Me LivroDevastaçãoDom QuixoteEduardo PittaEntre a LuaFernando RibeiroGeorge OrwellGuerra & PazIrene Guerra MarquesJonathan Swift (1667-1745) poderáLuis Vaz de Camõeso Caos e o Silêncio: a FlorOs Benefícios de dar PeidosOs Lusíadasquanto muitoremeter para As Viagens de GulliverSuma de LetrasSybille Titeux de la CroixUma Modesta Proposta

João Morales

Pode Gostar de

  • O Céu da Língua, Gregorio Duvivier, Deus Me Livro, H2N Culture Connectors, Mil Folhas

    Gregorio Duvivier volta a mostrar-nos O Céu da Língua

  • 5L, 5L 2025, Deus Me Livro, Edite Guimarães, Entrevista, Mil Folhas

    Entrevista: Edite Guimarães apresenta-nos o 5L

  • O Som da Mentira, Amy Tintera, Deus Me Livro, Crítica, Singular, Mil Folhas

    “O Som da Mentira” | Amy Tintera

1 Commentário

  • Forma: Capturas na Rede de 29 de Janeiro de 2022 comentou: 29/01/2022 at 16:51

    […] Livros de 2021: ainda posso?: Claro que sim, João Morales. Deste furacão da discussão cultural podemos sempre esperar propostas muito arrojadas, algumas obscuras, mas sempre de dar a volta à cabeça do leitor. […]

    Resposta
  • Deixe uma opinião Cancelar

    Siga-nos aqui

    Follow @Deus_Me_Livro
    Follow on Instagram

    Mil Folhas

    • O Céu da Língua, Gregorio Duvivier, Deus Me Livro, H2N Culture Connectors,

      Gregorio Duvivier volta a mostrar-nos O Céu da Língua

      08/05/2025
    • 5L, 5L 2025, Deus Me Livro, Edite Guimarães, Entrevista,

      Entrevista: Edite Guimarães apresenta-nos o 5L

      08/05/2025
    • O Som da Mentira, Amy Tintera, Deus Me Livro, Crítica, Singular,

      “O Som da Mentira” | Amy Tintera

      07/05/2025
    • Dentro da Tenda, Lucie Lučanská, Deus Me Livro, Crítica, Planeta Tangerina,

      “Dentro da Tenda” | Lucie Lučanská

      07/05/2025
    • Um Lugar Luminoso Para Gente Sombria, Mariana Enriquez, Deus Me Livro, Crítica, Quetzal,

      “Um Lugar Luminoso Para Gente Sombria” | Mariana Enriquez

      30/04/2025
    Acha o Deus Me Livro diferente? CLIQUE AQUI.

    Archives

    • May 2025
    • April 2025
    • March 2025
    • February 2025
    • January 2025
    • December 2024
    • November 2024
    • October 2024
    • September 2024
    • August 2024
    • July 2024
    • June 2024
    • May 2024
    • April 2024
    • March 2024
    • February 2024
    • January 2024
    • December 2023
    • November 2023
    • October 2023
    • September 2023
    • August 2023
    • July 2023
    • June 2023
    • May 2023
    • April 2023
    • March 2023
    • February 2023
    • January 2023
    • December 2022
    • November 2022
    • October 2022
    • September 2022
    • August 2022
    • July 2022
    • June 2022
    • May 2022
    • April 2022
    • March 2022
    • February 2022
    • January 2022
    • December 2021
    • November 2021
    • October 2021
    • September 2021
    • August 2021
    • July 2021
    • June 2021
    • May 2021
    • April 2021
    • March 2021
    • February 2021
    • January 2021
    • December 2020
    • November 2020
    • October 2020
    • September 2020
    • August 2020
    • July 2020
    • June 2020
    • May 2020
    • April 2020
    • March 2020
    • February 2020
    • January 2020
    • December 2019
    • November 2019
    • October 2019
    • September 2019
    • August 2019
    • July 2019
    • June 2019
    • May 2019
    • April 2019
    • March 2019
    • February 2019
    • January 2019
    • December 2018
    • November 2018
    • October 2018
    • September 2018
    • August 2018
    • July 2018
    • June 2018
    • May 2018
    • April 2018
    • March 2018
    • February 2018
    • January 2018
    • December 2017
    • November 2017
    • October 2017
    • September 2017
    • August 2017
    • July 2017
    • June 2017
    • May 2017
    • April 2017
    • March 2017
    • February 2017
    • January 2017
    • December 2016
    • November 2016
    • October 2016
    • September 2016
    • August 2016
    • July 2016
    • June 2016
    • May 2016
    • April 2016
    • March 2016
    • February 2016
    • January 2016
    • December 2015
    • November 2015
    • October 2015
    • September 2015
    • August 2015
    • July 2015
    • June 2015
    • May 2015
    • April 2015
    • March 2015
    • February 2015
    • January 2015
    • December 2014
    • November 2014
    • October 2014
    • September 2014
    • August 2014
    • July 2014
    • Contacto