Entre os dias 10 a 14 de Maio, o Festival Literário Livros a Oeste está de volta à Lourinhã – e ao formato presencial. Uma edição que, este ano, apanha boleia de William S. Burroughs, escolhendo uma frase do escritor norte-americano como título: A Linguagem é um Vírus. Rui Zink, Afonso Cruz, Lopito Feijó e Mário Zambujal estão entre os 35 convidados.
Novamente em carne e alma, que é como quem diz, de forma totalmente presencial, porque nada substitui o convívio desta forma, como todos bem sentimos durante este período. A décima edição consecutiva deste evento (apenas interrompido em 2020, justamente pela súbita pandemia que nos assolou) conta, mais uma vez, com uma programação variada e apelativa, trazendo dezenas de convidados para conversas e outras actividades, com o livro e a leitura no centro das atenções. O título para a edição deste ano, a célebre frase de William S. Burroughs “A Linguagem é um Vírus”, justifica-se plenamente, recordando a poderosa metáfora criada por um dos grandes nomes da beat generation, a qual ganhou uma força redobrada dadas as circunstâncias mundiais que vivemos.
“Se, em 2021, lançámos mãos à obra e levámos a cabo o festival Livros a Oeste da forma que foi possível – essencialmente através das novas tecnologias e da transmissão online – não escondo que isso fica sempre aquém do que um evento destes nos proporciona, quer junto do público adulto, quer, naturalmente, junto das crianças das nossas escolas. Este é o ano do regresso efetivo em que, olhos nos olhos, nos encontramos para partilhar leituras”, afirmou José Tomé, vereador da Cultura no município da Lourinhã.
A lista de convidados é extensa e apelativa, como tem sido marca identitária no planeamento e concretização destes encontros: Jorge Serafim (que será o Mestre de Cerimónias da Inauguração), Nuno Saraiva (também responsável pela exposição escolhida para este ano, Diário de uma Quarentena em Risco), João Amaral, Maria Xavier, Rui Zink, Afonso Cruz, Maria Emília Brederode Santos, Ana Ventura, João Melo, José Carlos Barros, Lopito Feijóo, Tony Tcheka, Sérgio Godinho, Rosário Alçada Araújo, Patrícia Furtado, Margarida Rendeiro, Miguel Real, João Céu e Silva, Carlos Vaz Marques, Guilherme D’ Oliveira Martins, Pilar del Rio, Carlos Reis, Nuno Caravela, Henrique Gandum, Duarte Gandum, Luís Filipe Sarmento, Raquel Serejo Martins, Nuno Nepomuceno, João Mascarenhas, Eduardo M. Raposo, Manuel Pires da Rocha, Napoleão Mira, Catarina dos Santos, Noiserv, António Botto Quintans, Salvador Ferreira, Ana Paula Almeida, Mário zambujal, Rita Ferro e Rodrigo Moita de Deus.
“Como habitualmente, um leque abrangente de convidados, que não se restringe a romancistas, poetas ou ensaístas, antes privilegiando a capacidade de partilhar ideias e olhares distintivos e desafiantes, demonstra como o convívio pelas palavras é o cerne de um festival literário”, considera João Morales, programador do festival desde a primeira edição.
DE MANHÃ À NOITE
Além das habituais conversas e apresentações de livros, este ano avançamos no horário, convidando os espectadores a continuarem connosco, depois da última sessão das 21h 30m. Em duas das noites da semana, assentamos arraiais no Consultório Taberna (a partir das 23h00) para uma tertúlia informal com a poesia ao centro, onde se ouvirão poemas de vários dos convidados (ditos pelos próprios), mas com a esperança de que os poetas anónimos da Lourinhã se juntem a nós e partilhem a sua escrita. Da mesma forma, de terça a sexta-feira, recuperamos Os Cantos das Palavras, na Praça José Máximo da Costa, momento em que desafiamos todos os que por ali passam a parar uns minutos, aceder ao microfone e ler – um poema, uma crónica, uma passagem de um livro… o que lhes der mais prazer.
Naturalmente, não podia faltar nesta edição uma atenção especial à vida e obra de José Saramago, o nosso Prémio Nobel da Literatura, cujo centenário se assinala vigorosamente, um pouco por todo o país (e não só!). Por isso, um dos dias, dia 12, é maioritariamente dedicado a este autor. Como sempre, uma parte substancial da programação foi pensada para o público em idade escolar, criando oportunidades para os alunos dos diferentes ciclos de ensino conhecerem os autores e as suas obras, consolidando o gosto pelos livros, abrindo portas para um entendimento crescente das possibilidades inerentes à descoberta das palavras e das ideias, pelos livros, pela escrita, pela leitura, mas igualmente pela convivência com outras manifestações artísticas. Nessa linha de raciocínio, o tema escolhido para a edição deste ano do Prémio Literário Livros a Oeste | Câmara Municipal da Lourinhã, cujos vencedores serão conhecidos na sessão de inauguração é, também ele, uma discreta homenagem ao centenário de uma das mais influentes obras da literatura universal: À Procura do Tempo Perdido (de Marcel Proust).
OUTRAS ATIVIDADES
Toda a semana do festival será acompanhada por uma magnífica Feira do Livro, realizada pela Convergência, instalada numa tenda bem visível na Praça José Máximo da Costa (frente à Câmara Municipal), oferta que estará disponível entre os dias 6 e 16 de Maio (com especial destaque paras obras dos convidados, mas uma oferta muito mais abrangente, para todos os públicos). A programação conta também com diferentes momentos performativos, cruzando diferentes linguagens e formas de expressão. Diariamente, irá sendo desenvolvida uma oficina/performance com a participação de pessoas anónimas da Lourinhã, desafiadas a integrar esta actividade, cujo resultado final será conhecido no sábado, 14 de Maio, dia de encerramento do festival. É uma encenação/formação da responsabilidade de João de Brito, dos Lama Teatro.
Uma outra companhia, a Sombronautas, apresenta o seu espetáculo “Diógenes”, e os Apanha-Palavras estarão presentes com uma sessão dedicada à “Poesia para Bebés”. O encerramento do festival faz-se com um espectáculo multidisciplinar, de Napoleão Mira, onde a música e poesia se cruzam e se completam. Para além da programação disponível durante todo o evento, ainda este mês de Abril o público poderá assistir à performance “Um Balde de Água Fria”, pelos Apanha-Palavras, na Antiga Escola Primária de Ribamar, numa sessão gratuita e dirigida a todas as idades. De realçar ainda os momentos de palco que começaram antes do próprio festival, com outras duas iniciativas de antecipação, concretamente a 18 de Março, as leituras musicadas “Acrobacias da Memória”, na Associação Recreativa, Cultural e Desportiva das Cesaredas e, a 8 de Abril, um pertinente debate sobre “O Impacto dos Festivais Literários no Território e na Comunidade”, no Grupo de Amigos da Praia da Areia Branca – VIGIA.
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