Entre 13 e 15 de Maio, a cidade de Matosinhos recebe o 10º LeV – Literatura em Viagem, uma edição de número redondo que muito promete, desde logo por contar com a presença de dois pesos verdadeiramente pesados: Howard Jacobson e Claudio Magris. E que, para título comemorativo, escolheu este: “O Rapto de Europa, uma viagem”. Um título que pressupõe a resposta a algumas destas questões: Que histórias estão por contar? Para onde vai uma Europa que, excepcionalmente, tem conseguido manter a paz? Onde nos vai levar o futuro e que odisseias, sagas e dramas estão ainda por escrever?
Claudio Magris, autor de “Danúbio” – e de quem a Quetzal publicou recentemente “Uma Causa Improcedente” -, será entrevistado por Rui Tavares – 14 de Maio, 17h45 -, numa “Entrevista de Vida” que irá girar à volta dos livros de Magris e da matriz cultural que os une.
No dia seguinte – 15 de Maio, 15h00 -, Howard Jacobson, o vencedor do Man Booker Prize 2010 com “A Questão Finkler” e finalista do mesmo prémio em 20014, será entrevistado pela dupla Pedro Vieira e Tito Couto. Uma oportunidade única de conhecer de perto um escritor que tem abraçado várias expressões literárias, do romance ao ensaio sem esquecer a dramaturgia televisiva e que, a certa altur,a se auto-denominou de “Jane Austen judia”.
Mas nem só de coqueluches literárias internacionais se faz a boa programação do LeV. Logo na conferência de abertura – 13 de Maio, 21h30 -, José Pacheco Pereira irá falar sobre “Viajar nos livros, na História, na ficção”, tomando o lugar do viajante e dando o mote para um festival em movimento permanente (mesmo sem sair do lugar).
Organizado em cooperação com a Literature Across Frontiers, propõe-se um passeio a sério por Matosinhos sob o lema “O que lemos quando viajamos” – 14 de Maio, 10h00 -, conduzido pelos guias Ana Svetel e Jon Gower. A ideia é a de ler a cidade pelos olhos de dois estrangeiros, que resultará na produção de um texto.
Paulo Ferreira conduz a oficina “Escrevi um livro, e agora?” -14 de Maio, 10h00 -, dirigida a escritores caseiros com originais na gaveta e que sonham com ver os seus trabalhos publicados. Um curso onde serão fornecidas as melhores estratégias para que um editor passe os olhos pela prosa ou poesia oferecida, e que irá do livro impresso ao sistema make it yourself.
Com moderação de Francisco José Viegas, Gonçalo Cadilhe e Paulo Moura farão “A volta ao dia em 80 mundos” – 14 de Maio, 15h00 -. Se, hoje em dia, vivemos no império do digital e da aceleração, qual o lugar que está reservado à viagem? Ainda é importante viver, estar, para contar?
Patrícia Reis e Teolinda Gersão propõem uma “Conversa a quatro mãos” . 14 maio, 16h00 -, num diálogo sem moderação entre duas escritoras que viajam por diferentes estilos literários. Do lado de cá da plateia, uma pergunta: porque escrevem e para quem escrevem?
Como é o Irão para lá das notícias? É a resposta a esta questão que Tito Couto tentará arrancar a Filipe Morato Gomes, numa sessão que tem por título “Segredos da Pérsia” -14 de Maio, 17h00. Dos bazares movimentados ao passado da bela Persépolis, uma viagem ao coração do Médio Oriente onde se vai tentar passar ao lado de preconceitos e lugares-comuns.
“Poderão os livros salvar o mundo?” -15 de Maio, 16h00. Caberá a Clara Ferreira Alves e Ella Berthould, bem moderadas por Hélder Gomes, responder a esta utopia literária e, quem sabe, prescrever uma ou outra receita – ou não tivesse Bertould lançado “Remédios Literários”, publicado pela Quetzal. As questões a debater são várias: Ainda encontramos algum tipo de redenção na literatura ou as narrativas do real arriscam dominar o século XXI? O que é mais letal, o primado do real ou o cinismo perante a imaginação? E a literatura, cura?
Quantas cidades estarão na literatura? A resposta será dada por Alberto S. Santos, David Toscana e João Ricardo Pedro na mesa “Viagens da minha terra” – 15 de Maio, 17h00 -, onde também será lançada outra questão geograficamente nutritiva: Poderemos pensar nos espaços literários como reais, ou serão as nossas cidades também criadas pelos livros que lemos?
A fechar a 10ª edição do LeV, Tito Couto estará à conversa com algumas das “Novas Vozes” – 15 de Maio, 18h00 – da literatura europeia: Andrés Barba, Ilze Butkute e Josefine Klougart. Entre poesia e romance, entre a Península Ibérica e os territórios bálticos, desenham-se os trajectos literários da Europa do século XXI.
Esta edição acolhe também uma exposição de Gonçalo Cadilhe, que estará patente na na Galeria Municipal, e que tem por título “Um Dia na Terra — fotografias do quotidiano do planeta”. Uma retrospectiva de duas décadas de carreira de Gonçalo Cadilhe como autor viajante, que percorre vários continentes, culturas, paisagens e lugares. Há também uma Feira do Livro, organizada em parceira com a Bertrand, que promete uma variada oferta de títulos a quem passar pela Galeria Municipal – ou pelo Salão Nobra na noite de abertura do festival. Seja de curso ou de longo alcance,há motivos de sobra para uma viagem à cidade de Matosinhos.
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