Em 2019, com o selo da G. Floy, chegou às livrarias “Kick-Ass”, o livro que resultou de uma parceria entre Mark Millar (argumentista e co-criador) e John Romita Jr. (desenhador e co-criador), que acabou por dar origem a uma das mais castiças adaptações a que a banda desenhada teve direito no grande ecrã. Realizado por Matthew Vaughn em 2010, o filme ofereceu-nos tudo aquilo a que tínhamos direito: estilo visual para dar e vender, uma violência a bombar litros de sangue e um certo lado profano pouco habitual neste meio.
“Kick-Ass: A Miúda Nova” (G. Floy, 2020), publicado originalmente em 2018, mantém o fato mas traz-nos uma nova protagonista, como se o heroísmo estivesse ao alcance de todos e a indumentária pudesse ser vestida por todos aqueles que sintam essa urgência. Neste caso, a cara nova que se esconde dentro de um fato de mergulho verde e amarelo dá pelo nome de Patience Lee, ou Sargento Patience Lee, acabada de regressar antecipadamente da frente de batalha para perceber que o marido deu à sola com uma babe mais nova, deixando-a responsável por cuidar da filha e alimentar a família.
Porém, quando o trabalho como empregada de mesa se começa a revelar insuficiente para pagar as muitas contas acumuladas, Patience perde literalmente a paciência e decide agir como vigilante nocturna, com uma costela arrancada a um tal de Robin dos Bosques, roubando aos gangues e homicidas da cidades para encher os seus bolsos – e também os dos muitos em seu redor, conhecidos e anónimos, que precisam de um empurrão financeiro.
Mantendo a torneira do sangue a correr com uma boa pressão, Millar e Romita desviam o foco do adolescente solitário e excêntrico e apontam-no agora para uma mãe solteira, disposta a tudo para cuidar da sua ninhada. Os desenhos de John Romia Jr ilustram a preceito (mais) este delírio Millariano, onde se combate o crime com o espírito de sobrevivência e ainda se arranja tempo de lhe ir ao bolso.
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