Entre a venda de bilhetes e baldes de pipocas e os muitos elogios da crítica, “Os Guardiões da Galáxia”, estreado em 2014, foi uma das melhores coisas que aconteceram ao universo da Marvel, que à vertigem cinéfila acrescentava uma banda sonora de se lhe tirar o chapéu, onde se encontravam clássicos dos anos 70 e 80 e malhas tão incríveis quanto “Hooked on a Feeling” – sim, aquele que o Tarantino desenterrou em “Reservoir Dogs” e que oferece um verso tão inesquecível quanto “ooga chaka ooga ooga” (e por aí fora e em modo loop).
“Guardiões da Galáxia: Mãe Entropia” (Goody, 2017), o terceiro – de dez – volume da colecção Especial Marvel, situa-se temporalmente depois de os Guardiões terem salvo o Universo. O estado de graça, esse, não durou muito: depois de conseguirem em pouco tempo ficar a dever dinheiro a praticamente cada um dos habitantes de Lugarnenhum, passaram de heróis a caloteiros.
A salvação parece estar em algo que todos eles detestam, trabalho honesto oferecido pelos polícias de Lugarnenhum. A missão até nem parece complicada: escoltar o diácono Delcario, um monge ravoliano, bem como uma relíquia, parecida com uma esmeralda, a que a santidade chama de Pedra Mãe. Porém, quando o diácono tem um AVC mortal e Pip (o Troll) lhes entra nave adentro para roubar a pedra preciosa, a coisa começa a complicar-se, entrando na equação a Mãe Entropia, que planeia, na interpretação de um dos guardiões, “transformar toda a gente do universo em zombies cobertos de fungos“.
O humor é, aliás, uma constante. Quando a Mãe Entropia afirma, com toda a verve poética que consegue arranjar, que “um de vocês está destinado a ser o útero a partir do qual um amanhã radicalmente diferente irá emergir“, Rocket riposta com uma linha tremenda: “Parece-me conversa de gravidez“.
Quem será a Mãe Entropia? Para que servem os testes ao medo e à frustração e os corpos trocados? E como é possível que Groot, que tem ainda menos vocabulário que o Chewbacca, possa tornar-se no maior deles todos? Questões que serão respondidas neste volume que ainda oferece, em jeito de adenda, uma história que junta dois dos mais implacáveis e cómicos mercenários da galáxia: Rocket e Deadpool.
Inclui:
Guardians of the Galaxy: Mother Entropy #1-5 – Por Jim Starlin, Alan Davis, Mark Farmer e Matt Yackey
Guardians Team-Up (2015) #10 – Por Tim Seeley, Mike Norton e Jessica Kholinne
Sem Comentários