“Estão juntos outra vez. Juntos – E eu só tenho de acordar. Só tenho de voltar para eles.”
Depois de uma viagem entre o espaço e o tempo, capaz de fazer inveja à mais intrépida montanha-russa, os irmãos Danny e Clara reencontraram-se, ainda que Danny continue a insistir ser tratado por Norton Sinclair.
Neste quatro volume da série Gideon Falls, intitulado “O Pentóculo” (G. Floy, 2020), as linhas temporais são assumidamente misturadas. Se Norton e Clara estão presos em Gideon Falls, tentando escapar a um psicopata homicida, Angie e o padre Fred estão na numa outra Gideon Falls, reunidos com o Bispo e tentando conhecer os segredos sobre o Pentóculo. Uma máquina construída por Norton Sinclair que rasgou uma espécie de fenda dimensional no mundo, ligando então o seu mundo ao da pequena cidade de Gideon Falls. Um acontecimento épico que acabou por dar origem a vários mundos paralelos e que, no centro destes, fez aparecer “uma coisa faminta e maléfica”, que passou a ser conhecida como o homem que ri, que fez de Norton Sinclair a sua casa.
Num momento em que tanto a ciência como a religião parecem estar tomadas por dúvidas existenciais, irá dar-se o nascimento de uma improvável irmandade, um pouco ao estilo de O Senhor dos Anéis, constituída por um padre, um médico, um soldado, um profeta e um pai, que terão a missão de se dirigirem ao centro: o lugar onde tudo começou e onde tudo deverá terminar. Isto sem nunca tirarem os olhos da bola, tentando não morrer de medo ao escutarem o insistente e gélido kritck, kritch.
Jeff Lemire continua um mestre em provocar crises de ansiedade no leitor, neste thriller habitado pelo terror e servido pelas muito gráficas ilustrações de Andrea Sorrentino, onde o vermelho se torna a cor mais temida de entre uma sombria paleta de cores.
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