Considerado um dos principais escritores de policiais do país do bacalhau, Jørn Lier Horst é o autor de uma série que tem como protagonista o detective William Wisting, “um polícia de carreira que subiu na hierarquia tornando-se inspector-chefe no departamento de investigação criminal da polícia de Larvik“. Uma espécie de alter-ego de Horst, que teve precisamente o mesmo trajecto e conhece os cantos à investigação criminal.
“Fechada para o Inverno” (Dom Quixote, 2016) é já o sétimo título da série, o primeiro a ser publicado em Portugal com o selo da Dom Quixote. Aqui William é rapaz para os seus cinquenta anos, pai viúvo dos gémeos Thomas – que serve nas forças armadas no Afeganistão – e Line – jornalista de investigação em Oslo.
Após a morte de Ingrid – registada no 5º título da série -, William envolveu-se com Suzanne, uma assistente social que trabalha com crianças. Como colegas, conta com um grupo bastante heterogéneo: Audun Vetti, “o arrogante chefe adjunto e procurador da polícia”; Nils Hammer, “da velha guarda, cujo passado no departamento de combate à droga o transformou num cínico”; a jovem Torunn Borg, “em quem Wistling tem vindo a confiar graças ao seu profissionalismo e inteligência”; ou Mortensen, “o técnico forense, que é geralmente o primeiro a chegar à cena do crime”. Quanto ao pano de fundo da série, temos o condado de Vestfold, na costa sudoeste da Noruega, um destino muito popular entre os turistas.
“Fechada para o Inverno” tem lugar pouco depois do regresso à vida activa de William Wisting, que sofreu um esgotamento nervoso. Na costa norueguesa, Ove Bakkerud prepara-se para encerrar a temporada de férias com um último fim-de-semana na sua segunda casa, mas dá com esta num caos após um assalto. Na casa vizinha, pertencente a um famoso apresentador televisivo, o cenário é ainda pior: um homem foi espancado até à morte. Um cenário grotesco até mesmo para o calejado detective Wisting, que para complicar ainda mais o seu retorno à investigação vê a filha mudar-se para as redondezas do local do crime, num processo de separação de um tipo pelo qual Wisting não nutre grande simpatia.
Para Wisting, o caso é uma mescla de sinais de frieza e meditação com indícios de desespero e fracasso. O corpo do morto, essencial para a resolução do caso, desaparece antes de ser autopsiado, bem como o relatório forense e toda a documentação fotográfica. A juntar a isto, um segundo corpo é descoberto, com os olhos arrancados e a boca escancarada. E pássaros mortos vão caindo do céu de forma inexplicável. Num já muito saturado mercado policial nórdico, vale bem a pena passar os olhos por aqui.
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