Começou no dia 1 deste mês e vai estender-se até dia 28 de Março no CCB, entre óperas, concertos e conferências. Roubado a um belíssimo poema de Paul Celan intitulado “Cristal”, o ciclo Sete Rosas Mais Tarde propõe uma reflexão sobre a solidão, uma realidade integrante da condição humana e que muito recentemente foi considerada, por várias instituições e governos, uma epidemia.
A reflexão, contudo, não se irá aqui debruçar sobre discursos clínicos, sendo antes mediada por objectos artísticos que partem desse solo que cada um sente como único para o transcender e, quer através da palavra ou da música, nos confrontar com as várias modulações que a arte soube construir a partir dessa experiência radical e universal. Já é tempo de abraçarmos a solidão.
Programa
Fábrica das Artes – Dança
Pink For Girls, Blue For Boys
coreografia Tabea Martin
1 e 2 Fevereiro | 10h30 e 14h30 | Pequeno Auditório
Pink for Girls & Blue for Boys questiona sobre as características de ser uma rapariga ou ser um rapaz. Com o apoio de quatro bailarinos, Tabea Martin explora como superar os estereótipos de género. A peça exige que se quebrem as fronteiras do pensamento de género e apresenta uma abordagem brincalhona à forma de repensar a questão da identidade.
Conferência:
Paul Celan. “O Poema é Solitário e Vai a Caminho”
Concepção e orientação João Barrento
9 Fevereiro | 16h00 | Sala Sophia de Mello Breyner Andressen
João Barrento, ensaísta, tradutor e antigo professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa dá uma conferência centrada no universo da poesia de Paul Celan, autor de quem já traduziu três volumes.
Teatro:
Confissões de um Coração Ardente
A partir de Fiodor Dostoievski
Encenação Carla Maciel
Com Albano Jerónimo, Gonçalo Waddington, Marco Paiva, Miguel Loureiro, Miguel Loureiro, Miguel Moreira, Teresa Coutinho e Tónan Quito
14 a 17 Fevereiro | 16h00 e 21h00 | Pequeno Auditório
Inspirado na complexidade caótica do universo literário marcadamente masculino de Fiódor Dostoiévski, esta peça mergulha a fundo nos seus romances, invocando o romantismo patente na sua obra. O espectáculo explora a irracionalidade nos comportamentos dos heróis, as suas obsessões e os seus conflitos, traços indeléveis do realismo que caracteriza toda a obra de Dostoiévski.
Teatro:
A Criada Zerlina
encenação João Botelho
Sala de Ensaio
21, 22, 23, 25, 26 Fevereiro, 4, 5 e 6 Março | 21h00; 24 Fevereiro e 3 Março | 16h00
Adaptação da obra de Hermann Broch, a partir da versão de António S. Ribeiro com a colaboração de José Ribeiro da Fonte e da tradução de Suzana Muñoz. Um texto sublime sobre a mais bela e terrível história de amor, onde uma bela e prodigiosa actriz transformará em verdade o intenso monólogo da velha criada Zerlina.
O espectáculo conta com cenografia de Pedro Cabrita Reis.
Fábrica das Artes – Teatro/Dança:
Margem
direcção Victor Hugo Pontes
texto Joana Craveiro
Pequeno Auditório
22 Fevereiro | 11h00; 23 e 24 Fevereiro | 18h00
Margem tem como inspiração o romance de 1937 de Jorge Amado,bCapitães da Areia, que retrata um grupo de crianças e adolescentes abandonados que vivem nas ruas de São Salvador da Baía. Numa ideia de teatro documental, e em colaboração com Joana Craveiro, este projecto é alicerçado num trabalho junto de jovens que continuam a lutar pela sua liberdade.
Uma encomenda CCB/Fábrica das Artes apresentada originalmente em Janeiro de 2018.
Música:
Quatro Últimas Estações
Orquestra Metropolitana de Lisboa
Direcção Musical Kristjan Jarvi
Soprano Elisabete Matos
24 Fevereiro | 17h00 | Grande Auditório
R. Strauss (1864-1949)
Macbeth, op. 23 (1888)
Quatro Últimas Canções, op. posth.
A. Dvorák (1841-1904)
Sinfonia nº 8 em Sol maior, op.88
Dois grandes intérpretes – a soprano Elisabete Matos e o maestro Eivind Gullberg Jensen – juntam-se à OML para nos fazer atravessar duas extraordinárias paisagens musicais da primeira metade do século XX.
Música de Câmara:
Stradivarius a Solo
Linus Roth violino
28 Fevereiro | 19h00 | Pequeno Auditório
J.S. Bach Partita nº 2 para violino solo, BWV 1004
M. Weinberg Sonata nº 2 para violino solo, op. 95
J.S. Bach Sonata nº 1 para violino solo, BWV 1001)
E. Ysaye Sonata para violino solo nº 3, Ballade
Acompanhado apenas pelo seu Stradivarius «Dancla» de 1703, o aclamado violinista alemão Linus Roth será o responsável por esta viagem pelo lado mais intimista e de certa forma solitário da música.
Ópera:
A Voz Humana/O Castelo do Barba Azul
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Joana Carneiro direcção musical
Olga Roriz encenação
Grande Auditório
6 e 8 Março | 20h00; 10 Março | 16h00
Barba Azul Marcell Bakonyi
Judir Allison Cook
Elle Alexandra Deshorties
B. Bartok: O Castelo do Barba Azul
Ópera em um acto com libreto de Bela Balazs
F. Poulenc: A Voz Humana
Tragédia lírica em um acto com libreto de Jean Cocteau (1889-1963)
Numa noite dupla de ópera, apresentam-se duas obras que nos fazem pensar sobre a condição humana e sobre a solidão.
A ópera em um acto O Castelo do Barba Azul encerra uma reflexão profunda sobre a sociedade actual e a dificuldade de integração do indivíduo, tantas vezes condenado pelo seu próprio individualismo à solidão.
A Voz Humana é uma tragédia lírica sobre o medo de romper, de ficar só, de perder quem se ama.
Conferência/Performance:
Sozinhar
Criação, escrita e interpretação Sónia Baptista
Vídeo, som e imagem Raquel Melgue
16 Março | 18h00 | Sala de Ensaio
«Comer a solidão para se ser, para se fazer.
Comer a solidão que é matéria nossa, ocupa espaço, nosso, e que nos faz e que é circunstância do viver.»
Conferência-Performance sobre o acto de sozinhar como princípio gerador de uma reflexão poética, sobre existir com e sem alguém para além do que se é e tem.
Teatro:
A Boda de Bertolt Brecht
encenação Ricardo Aibeo
Pequeno Auditório
23, 25, 27 e 28 Março | 21h00; 24 Março | 16h00
Com David Almeida, Dinis Gomes, Duarte Guimarães, João Craveiro, Luis Lima Barreto, Marcia Breia, Rita Durão, Rita Loureiro e Sofia Marques
A Boda é uma das primeiras peças de Brecht. Não nos conta uma história, apenas espreita para dentro de uma situação que todos consideraríamos normal. Nesse olhar quase indiscreto temos espaço para perceber que o habitual é uma ilusão na qual queremos pensar que tudo se passa «como deve ser» mas que, quando nos distanciamos, não passa de uma manta de retalhos complicados e cheios de buracos. Este é um espectáculo levado a cabo por um grupo de actores do desaparecido Teatro da Cornucópia.
Música:
Six Portraits of Pain
Orquestra Metropolitana de Lisboa
Pavel Gomziakov violoncelo
Pedro Amaral direcção musical
24 Março | 17h00 | Grande Auditório
A. P. Vargas Sinfonia (subjetiva) – Encomenda CCB
A. P. Vargas Six Portraits of Pain — com esta peça será exibido, em estreia, um filme de Teresa Villaverde – Encomenda CCB
Duas estreias, uma musical, outra cinematográfica. Desafiando a História e a tradição orquestral, António Pinho Vargas escreve pela primeira vez uma Sinfonia, a que dá o título Subjetiva. Por seu lado, a cineasta Teresa Villaverde inverte a habitual relação entre o filme e a banda sonora, propondo uma criação cinematográfica realizada a partir de outra obra de A. P. Vargas, Six Portraits of Pain (de 2001).
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