Em Portugal, os últimos anos têm sido bons para as personagens criadas por Sergio Bonelli. Já em 2021, depois da edição em nome individual através de vários títulos, é a vez de A Seita editar, em dois volumes a preto e branco e na Colecção Aleph, o crossover que junta Dylan Dog e Dampyr, intitulado “O Detective e o Caçador” (A Seita, 2021).
Este foi o primeiro crossover da Sergio Bonelli Editore, lançado no Verão de 2017, com uma história que teve início na revista Dylan Dog #371 (lançada a 28 de Julho, com argumento de Roberto Recchioni e Giulio Antonio Gualtieri e desenhos de Daniele Bigliardo) e ficou concluída em Dampyr #209 (lançada a 3 de Agosto, com argumento de Mauro Boselli & Bruno Brindisi). Na edição portuguesa manteve-se a versão original de dar protagonismo a ambas os personagens, ainda que não haja necessidade de comprar os dois volumes – algo a que os leitores italianos não acharam lá muita graça, uma vez que a história foi editada num volume único com duas capas variantes. A edição portuguesa optou por partir a história ao meio, apresentando ambas originais da autoria de Gigi Cavezano.
“A Noite do Dampyr” (A Seita, 2021), escrito por Roberto Recchioni e Giulio Antonio Gualtieri e com arte de Daniele Bigliardo, começa com um festão que parece celebrar a chegada do fim do mundo, na qual Dylan Dog recebe uma resposta sarcástica do barman quando lhe pergunta o que há para beber sem álcool: “O ar… e nem disso tenho a certeza, amigo!”. Um festão interrompido por Dampyr – ou Harlan Draka, como assina no Cartão de Cidadão -, que faz uma entrada em grande perseguido pela vampiragem.
Os olhos estão todos em Ladbrok, um dos arqui-vampiros Senhores da Noite perseguidos por Dampyr, que tem como plano a curto prazo mergulhar Londres no terror absoluto. Está assim reunida uma dupla constituída por Dylan, detective do pesadelo, um tipo melancólico, introspectivo e algo sonhador, e Dampyr, filho de uma humana e de um vampiro, que viaja pelo mundo combatendo o mal à boleia do seu sangue letal, capaz de queimar e queimar vampiros. Uma história que, segundo Dylan, parece ”uma mistura entre James Bond, Blade e Buffy”, e que se vê acompanhada de uma ponta à outra pelo irresistível sentido de humor de Groucho Marx: “Chefe, estes devem ser fãs do Senhor dos Anéis! Oferece-lhes uma cachimbada e vais ver que fica tudo mais calmo!”
“O Detective do Pesadelo” (A Seita, 2021), com argumento de Mauro Boselli e arte de Bruno Brindisi, recua até ao ano domini de 845, onde vamos saber mais sobre Ladbrok, aqui metido num ataque de vikings a Paris. O cenário é todo ele o de uma novela: Ladbrok lidera o ataque e, entre os defensores da cidade, encontrava-se Taliesin, o Dampyr do passado. Lagertha, a escudeira de Taliesin, impediu-o de matar Ladbrook, recebendo como aviso uma boa queimadela. Dylan, em tempos mais recentes, fez uma promessa à morta-viva Lagerthe que não pode quebrar, e que o obrigará – e à sua Irmandade – a viajar até às remotas ilhas Hébridas, tudo para resolver o mistério de Ladbrok, o Senhor da Noite.
Um livro onde há personagens pouco recomendáveis, dragões, vikings, selkies – belas criaturas do mar – highlanders escoceses, mortos-vivos e outras criaturas sobrenaturais, e no qual é oferecido a Dylan uma descrição na mouche por boca alheia: “És neurótico, inseguro, pedante, abstracto, cheio de tiques, abstémio, inglês até à medula… ou seja, um verdadeiro mariquinhas…! Mas lá bem no teu fundo, tens o teu fascínio!”. Judas dançarino!, como diria Groucho Marx.
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