Activismo gramatical de A a Z. É um pouco isto o que John Freeman nos oferece em “Dicionário da Erosão” (Tinta da China, 2022), um curto mas exultante dicionário que mostra que as palavras, mesmo numa era onde o digital domina, continuam a valer por muitas imagens.
Ensaísta, editor, poeta e crítico literário, Freeman exerce aqui o seu direito de cidadania, convidando os leitores a fazerem o mesmo: nas suas ruas, nos seus bairros, nas suas cidades, agindo localmente para que a mudança global aconteça e um mundo melhor possa surgir.
Segundo Freeman, são três as perguntas-desafio que este dicionário levanta: “e se a nossa imaginação tem sido de tal forma deteriorada pelo clima mediático dos nossos tempos que não conseguimos ver nada além da destruição? E se os governos e sistemas de poder visarem precisamente deformar a nossa capacidade de imaginar o presente de maneira a nos controlarem? E se eu te disser que temos o poder de mudar isto? Acredito que temos”.
Faísca a faísca, palavra a palavra, Freeman constrói um manifesto libertário contra as trevas, o silêncio e a impotência. Um livro anti-capitalista e anti-globalista que define a linguagem como aquilo que pode reivindicar e redefinir “o que significa ser um cidadão ético no presente”.
Corpo, Ambiente, Decência, Cidadão ou Justo – algumas das palavras centrais neste combate à apatia, onde cabem até exercícios dados à utopia: “O que aconteceria se permitíssemos que todos os corpos vivos dentro das nossas fronteiras fossem cidadãos? Como seria viver num lugar assim?”. Têm a palavra os cidadãos-leitores.
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