Para quem se esqueceu do que leu antes ou irá começar a sua viagem interplanetária saltando a primeira paragem, “Descender 2: Lua Máquina” (G. Floy, 2018) oferece, logo de entrada, um resumo de quatro suculentos parágrafos, situando a história de Tim, um jovem robot criado para companhia humana, que tenta manter-se vivo e descobrir a sua família num universo onde, depois de uma imensa tragédia, os androides foram quase todos exterminados, encontrando-se os restantes sob a mira dos muitos caçadores de prémios.
Neste segundo volume visitamos brevemente o Planeta Hapton, que tinha tudo para jogar a Champions e acabou por descer de divisão, perdendo o estatuto e a oportunidade de entrar no Mundio Principal; ou o Planeta Gnish, o mundo da mais antiga monarquia do megacosmos e epicentro do extermínio robótico.
Logo a abrir as hostilidades, Jeff Lemire serve um twist familiar que fará o leitor saltar do assento, mostrando uma aparente incompatibilidade de missões – ou, pelo menos, do seu desfecho. E ainda inventa mais uma estranha criatura de nome Blugger, de textura gelatinosa e com pelo menos cinco olhos, enquanto vai repetindo o mantra que os fãs de Descender poderão estampar numa T-Shirt: “O Broca é uma grande moca”.
Quanto à Lua-Máquina, que dá título a este segundo volume, é a cidade-asteróide escondida da UC, a resistência robô, onde Telsa e o Dr. Quon continuarão a desenvolver a sua relação de amor/ódio. E, também, onde Tim e o seu irmão gémeo mostrarão que o ambiente familiar muito contribui para a personalidade além da carga genética, mesmo vinda de um laboratório tecnológico: “Fomos criados da mesma forma, mas tu sentes fortemente a tristeza e o amor, ao passo que eu sinto apenas coisas como inveja”, palavras de Tim 22.
Há ainda espaço para ouvir falar de um servidor-sombra, que poderá guardar as memórias de todos os robots destruídos, conhecer Ciborgus, que vive no Planeta Sampson, lar dos colonos originais da velha Terra, e dar de caras com mais um final para deixar uma pulga a morder atrás das duas orelhas. Este segundo número inclui ainda um muito útil Atlas dos Planetas Principais do Conselho Galáctico Unido, para ir decorando enquanto o terceiro número não chega às livrarias. Por aqui já vamos contando os dias. Enorme série, esta.
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