Curtas da Estante é uma rubrica de divulgação do Deus Me Livro.
Sobre o livro
«Uma maratona de entrevistas àqueles que nasceram e foram criados em tempos de liberdade, ouvindo os filhos dessa madrugada, desse dia inicial, inteiro e limpo, assim escrito por Sophia de Mello Breyner Andresen. Vinte e cinco interlocutores trouxeram o seu percurso, a compreensão política e social do país, fotografias e contrastes com a vida dos pais e avós, material que fornece um retrato concreto, particular, quotidiano do Portugal que hoje somos. Uma enfermeira que passou anos sem ouvir o pai falar da guerra colonial. Uma escritora negra. Um pastor evangélico. Um professor catedrático cujo pai trabalhava na construção civil. Uma conservadora de direita que veio com os pais de Angola. Um homem de uma família laica que se converteu ao catolicismo já adulto. Uma jovem mulher que integra o Governo de Portugal. […] Há um protagonista que emerge do programa: o conjunto dos 25, esse um plural. Apesar de procurar um mosaico polifónico, heterogéneo, complementar, a amostra é sempre incompleta. Seriam outros Portugais se os entrevistados fossem outros. Mas são estes, e formam um retrato do que se fez em quase tantos anos de democracia quantos os de ditadura.»
Da Introdução
«A experiência democrática assume uma multiplicidade de sentidos contrastantes, mesmo entre uma geração que nasceu depois de 1974 e que singrou no Portugal democrático. Esta diversidade resultou do lugar de nascimento, da classe social, do contexto socioeconómico e naturalmente das escolhas de cada um – do livre-arbítrio que tem em democracia um espaço que se encontra bem mais ausente em autocracia. Djaimilia Pereira de Almeida resume estas circunstâncias novas, exclusivas da vivência democrática, talvez na declaração mais emblemática deste conjunto de testemunhos, quando afirma que ‘sempre tive o privilégio da escolha’. É nesse privilégio de poder escolher que radica a superioridade do Portugal democrático: mesmo com determinantes sociais muito poderosos e com a persistência das desigualdades como marca distintiva da sociedade portuguesa, todos estes testemunhos dão conta de descontinuidades associadas a escolhas que, no passado, não teriam sido possíveis.»
Pedro Adão e Silva
Anabela Mota Ribeiro nasceu em 1971 em Trás-os-Montes. Vive e trabalha em Lisboa. Licenciatura e mestrado em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa. No doutoramento, que frequenta, prossegue o estudo do escritor brasileiro Machado de Assis. Foi visiting research fellow da Brown University em 2019. Publicou os livros “O Sonho de um Curioso” (2003), com 14 entrevistas, “Este Ser e não Ser – Cinco Conversas com Maria de Sousa” (2016), “Paula Rego por Paula Rego” (2016), “A Flor Amarela – Ímpeto e Melancolia em Machado de Assis” (2017) e “Por Saramago” (2018). Jornalista freelance, colaborou com diversos jornais e revistas. Autora e apresentadora de programas de televisão. Os mais recentes: Curso de Cultura Geral (2017 e 2018, RTP2), e Os Filhos da Madrugada, de que o seu livro parte, exibido entre o dia 1 e 25 de abril de 2021, na RTP3. Enquanto programadora cultural, colabora com instituições de referência. Entre outros projectos, assinou, com José Eduardo Agualusa, a curadoria da Feira do Livro do Porto em 2017, 2018 e 2020. É membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra.
Editora: Temas e Debates
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