“Cornelius” (Kalandraka, 2019) foi, desde o dia em que saiu do ovo, um crocodilo diferente dos seus pares. Preferia caminhar de pé a rastejar, e cresceu a ver coisas que os outros crocodilos não viam. Gabava-se tanto daquilo que conseguia fazer que, um dia, os outros crocodilos o tomaram de ponta, fazendo com que Cornelius se zangasse e tomasse a decisão de se ir embora.
A sua insaciável sede de sabedoria e o espírito curioso fizeram com que aprendesse muitas coisas, entre elas pendurar-se pela cauda nas árvores, tal e qual os macacos. Contente, decidiu regressar para mostrar a nova habilidade aos outros crocodilos, mas deparou-se – novamente – com a indiferença destes. Após muita negação e letargia, iremos assistir aqui à negação de um ditado popular, que surge de certa forma transfigurado: Crocodilo velho aprende línguas – ou, posto de outra forma, a pendurar-se nas árvores pela cauda.
Neste livro, escrito e ilustrado por Leo Lionni, convida-se a uma reflexão sobre valores como a diferença, a compreensão e o respeito por quem se afasta daquilo que a sociedade transformou em regras, normas ou convenções, mostrando que, muitas vezes, é ao pensar fora da caixa e com muita resiliência que o homem dá alguns dos seus maiores passos no caminho da evolução.
Nas suas ilustrações, Lionni recorre a um misto de colagem e utilização de manchas de cor, recriando o mundo natural com muito dinamismo, riqueza cromática e deixando a porta escancarada para a entrada da luz. O ilustrador, falecido em 1999, recebeu em 1984, pelos seus méritos como pintor, ilustrador, designer e escultor, a Medalha de Ouro do Instituto Americano de Artes Gráficas. Para além deste “Cornelius”, a Kalandraka publicou já os títulos “Alex e o Ratinho de Corda”, Nadorzinho”, “Pequeno Azul e Pequeno Amarelo”, “O Sonho de Mateus”, “Pé Ante Pé”, “Cores”, “Números”, “A Maior Casa do Mundo” e quatro livros da série “Frederico”.
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