“Como Desenhar o Corpo Humano” (Companhia das Letras, 2018). O título é sugestivo e abre a porta para uma colectânea que celebra 21 anos do prémio Jovens Criadores e da literatura portuguesa que este promove. Vinte e um textos de vinte e um autores, reunidos numa só obra, que promete ser uma mostra da qualidade e da criatividade de uma nova geração.
João Tordo, José Luís Peixoto, Margarida Vale de Gato, Valério Romão, Bruno Vieira Amaral, Ondjaki ou Rui Costa são apenas alguns dos nomes distinguidos pelo prémio que nesta antologia se fizeram representar. A estes juntam-se Ana Pessoa, André Murraças, Andreia Faria, Bruno Martins Soares, Inês Bernardo, Joana Bértholo, Jorge Vaz Nande, José Mário Silva, José Trigueiros, Marlene Ferraz, Miguel Marques, Ruy Narval, Teresa Aica Barros e Tiago Patrício.
Desde a primeira edição do concurso, foram distinguidos mais de cem jovens autores. Na nota introdutória, José Trigueiros e Tiago Patrício, responsáveis pela organização da antologia, eles próprios dois Jovens Criadores, explicam o processo de selecção que levou a estes vinte e um nomes. Primeiro, três métricas: a notoriedade dos autores, o número de participações nas mostras nacionais e internacionais, e o carácter inédito dos textos. Depois, um último e determinante critério de selecção — a qualidade literária, avaliada por um júri composto por Manuel Halpern, do Jornal de Letras, Artes e Ideias, e Cristina Peres, do jornal Expresso.
Ao dar palco ao que diz ser as melhores vozes da literatura portuguesa contemporânea, “Como Desenhar o Corpo Humano” apresenta-se como uma ‘lufada de ar fresco’ no panorama literário, repleto de diferentes estilos, narrativas e linguagens que convidam à leitura de outras obras dos referidos autores. A coletânea funciona como um primeiro contacto com os escritores, alguns desconhecidos do grande público, que assim têm a oportunidade de cativar novos leitores.
Da prosa à poesia, há aqui textos para todos os gostos, capazes de desafiar as fronteiras entre géneros e romper com convenções literárias. Estruturas inovadoras que acompanham temas diversos, dos quais sobressai a imaginação. Desde o diário de viagem ao drama, da saga infantil ao humor, até mesmo ao “prontuário existencial”, a leitura é uma viagem pela criatividade, numa celebração da inovação da juventude e da ideia de literatura enquanto exercício de liberdade. Acabada a leitura, fica a certeza de que aqui há talento e vale a pena continuar a apostar na revelação de novos autores, num concurso a que acorreram alguns dos, hoje, mais destacados escritores nacionais.
Como refere Jorge Barreto Xavier, sócio fundador nº 1 do Clube Português de Artes e Ideias, no prefácio: “A diminuição da leitura e da produção literária pode ter efeitos nefastos numa literacia básica para a contemporaneidade — a capacidade de ler o nosso coração, libertar a imaginação, olhar dentro de nós e olhar o mundo fora de nós; a capacidade de expressão e acção na plenitude da cidadania. Esta colectânea é, pois, mais do que um bocado de papel — é parte de um projecto da sociedade”.
O Concurso Jovens Criadores é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, lançada em 1996 e organizada, desde então, numa parceria entre o Instituto Português do Desporto e Juventude e o Clube Português de Artes e Ideias.
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