Após a apresentação de Mia Couto como um seus dos cabeças de cartaz, o Festival Literário da Madeira divulgou mais três nomes que vão estar presentes na sua sexta edição, que irá decorrer na Ilha da Madeira entre 11 e 16 de Abril deste ano: Samar Yazbek, Tabish Khair e Rafael Marques.
Samar Yazbek (foto acima) nasceu na Síria no ano de 1974. Estudou literatura árabe e iniciou carreira como jornalista e guionista. Esteve envolvida no Women Initiative Organization, lutando pela defesa dos direitos da mulher e da criança; no Liberties, batendo-se pela liberdade de expressão jornalística; e na Women of Syria, uma publicação digital de cariz feminista.
Toda esta temática está presente na sua obra, tendo-lhe valido muita controvérsia e clara desaprovação por parte do regime de Bashar al-Assad. Detida múltiplas vezes e excluída da comunidade alauita, Samar fugiu do país e exilou-se em Paris.
Entre os seus livros estão “Clay” (2004), “Cinnamon”, (2008), “The mountain of Lilies” (2008) e “In Her Mirrors” (2010). Em 2011 tornou-se na primeira pessoa a narrar a rebelião síria com “A Woman in the Crossfire: Diaries of the Syrian Revolution”. A obra, traduzida para várias línguas, foi prendada com o Prémio PEN|Pinter, no Reino Unido, o Prémio PEN|Tucholsky, na Suécia, e o Prémio PEN|Oxfam Nobiv, na Holanda.
No seu livro mais recente, “The Crossing: My Journey to the Shattered Heart of Syria”, a publicar em Portugal pela Nova Delphi, relata o regresso clandestino ao seu país natal e a cruel realidade vigente, desde primeiras incursões do Exército Livre Sírio à chegada do ISIS.
Tabish Khair nasceu em Bihar, Índia, em 1966, e é professor no departamento de Inglês da Universidade de Aarhus (Dinamarca), colaborando com vários jornais como o The Times of India, The Hindu e The Guardian.
É poeta, novelista e ensaísta, com várias obras aclamadas pela crítica e traduzidas em várias línguas, das quais se poderão destacar “Where Parallel Lines Meet” (Penguin, 2000) ou “Filming: A Love Story” (Picador, 2007). No campo do ensaio estão “The Gothic, Postcolonialism and Otherness: Ghosts from Elsewhere” (Palgrave, 2009) e “The New Xenophobia” (Oxford University Press – Índia, 2016). Em Portugal estão publicados dois títulos, ambos pela Nova Delphi: “Lugar Marcado” (2011) e “Como combater o Terrorismo Islâmico na Posição de Missionário” (2015).
Rafael Marques é um jornalista angolano que tem centrado a sua actividade na investigação e denúncia de actos de corrupção e violações dos direitos humanos. Formado em Antropologia e Jornalismo pela Goldsmiths, Universidade de Londres, é Mestre em Estudos Africanos pela Universidade de Oxford.
Em 2000 recebeu o Percy Qoboza Award da Associação Nacional dos Jornalistas Negros dos Estados Unidos da América tendo, em 2006, levado para casa o Civil Courage Prize da Train Foundation (E.U.A.) pelas suas actividades em prol dos direitos humanos. Em 2014 recebeu o Gerald Loeb Award na categoria de reportagem internacional, um dos mais prestigiados prémios de jornalismo dos E.U.A. (pela UCLA Anderson School of Management).
Publicou também vários relatórios sobre a violação dos direitos humanos no sector diamantífero em Angola, incluindo a obra “Diamantes de Sangue: Corrupção e Tortura em Angola” (Tina da China, 2011), tendo enfrentado um processo onde era acusado de «denúncia caluniosa» e «difamação» por parte de um grupo de generais angolanos. O processo foi encerrado em Maio de 2015 e a obra gratuitamente disponibilizada pela editora portuguesa em formato digital.
Para além da literatura, o Festival Literário da Madeira vai reservar também espaço para a Sétima Arte – a mais bonita fraude do mundo nas palavras de Godard -, recebendo os cineastas Ivo M. Ferreira e Claudia Clemente para uma conversa cruzada sobre «Falsidade e Verdade na 7ª Arte».
Claudia Clemente divide o seu trabalho principal pela escrita e a realização cinematográfica, entre ficção e documentários. Publicou dois livros de contos – “O Caderno Negro” e “A Fábrica da Noite” – e a peça “Londres”, vencedora do grande prémio de Teatro da S.P.A./Teatro Aberto 2011. Escreveu, produziu, realizou e montou diversas curtas-metragens. O seu primeiro documentário, “& etc.”, foi premiado no festival Doc Lisboa. O romance “A Casa Azul” (Planeta, 2014), finalista do Prémio Livro do Ano da Time Out e do Prémio Literário Casino da Póvoa – Correntes d’Escritas 2016, está neste momento a ser adaptado para um telefilme.
O cineasta Ivo M. Ferreira, actualmente a viver em Macau, sentiu o gosto pelo cinema instalar-se desde muito cedo na sua vida: depois do Curso de Imagem e Comunicação Audiovisual da Escola de Artes António Arroio (Lisboa), ingressou na London Film School e na Universidade de Budapeste, que abandonou para viajar. Numa viagem à China, co-realizou e produziu o seu primeiro filme documentário, “O Homem da Bicicleta – Diário de Macau” (1997). “Cartas da Guerra”, o seu terceiro e maior projecto até então – construído a partir da correspondência de António Lobo Antunes durante a guerra colonial -, integrou a seleção oficial do Festival Internacional de Cinema de Berlim de 2016. O filme compete pelo Urso de Ouro, a mais importante categoria do Berlinale.
Mais informações sobre o Festival Literário da Madeira – FLM – podem ser consultadas no site oficial.
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