De entre os vários volumes publicados até à data desta colecção bem castiça, que conta com argumento e ilustrações de Chris Haughton, “Boa, Mamã Pinguim!” (Orfeu Negro, 2024) é bem capaz de ser o menos fantástico.
As intenções – um hino à maternidade e à resiliência feminina – são as melhores mas, comparado com dois outros livros nos quais as mães davam cartas – “Mamã?” ou “Boa Noite a Todos” -, este fica uns furinhos abaixo. Mesmo o traço parece ser menos seguro que o dos livros anteriores, como se Haughton se tivesse visto grego para desenhar este belíssimo animal – sobretudo a mãe pinguim.
Chegada a hora de jantar, os pinguins mergulham no mar para apanhar peixe. O Pequeno Pinguim já sente bater a saudade da mãe, esmerada nadadora, mas a fome do pequeno fala mais alto, não parando de ir repetindo a mesma frase como se estivesse sentado no banco traseiro de um carro numa variação do ainda falta muito: “E vai voltar depressa, não vai?”.
Acompanhamos a travessia da mamã pinguim a grande profundidade, bem como os seus movimentos estilosos para escapar à zanga das sonolentas focas, num ritual que se vai repetindo todos os dias – o da alimentação, do saber cuidar, da sobrevivência.
Haughton continua a mover-se num jogo mínimo de cores, numa história que nos faz pensar que, dentro de alguns anos, este pequeno pinguim irá tatuar, numa das asas, o clássico “amor de mãe”.
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