No volume anterior, as teorias da conspiração cresciam quanto maiores eram as dúvidas em torno das acções de Tatsuma Suguro, bem como com a inesperada revelação de que Mamushi Hojo tem vindo a trabalhar com Saburota Todo, desde o início. Nesse sentido, Kazue Katō não perdeu mais tempo com estas questões revelando, logo no primeiro capítulo, as razões para o secretismo de Tatsuma e para a associação de Mamushi ao seu antigo professor. Uma opção inteligente, uma vez que nunca esteve realmente em causa a lealdade de certas personagens à causa, sendo bem mais interessantes as consequências que irão resultar deste leque de acções.
Algo bem patente no volume anterior e que volta a ser reforçado em “Blue Exorcist: Vol. 7” (Devir, 2016), é a forma como o lado demoníaco do herói Rin Okumura tem vindo a afectar gradualmente a sua auto-confiança, o que acaba por fragilizar a relação com os seus colegas, isolando-o ainda mais. Por vezes não existe nada melhor do que uma ameaça global para unir as personagens em prol de um bem comum, um mecanismo narrativo com que Kazue Katō parece estar bem familiarizada. Resta saber se a ameaça em torno do Rei Impuro será suficiente para unir finalmente personagens como Rin e Ryuji Suguro, dois dos exorcistas mais especiais na ordem, cujo sentimento de competição que têm vindo a desenvolver, um pelo outro, tem tudo para os tornar no par clássico de melhores amigos.
Desta forma, este volume 7 começa por ser um de respostas e reflexões, onde finalmente se revelam os segredos escondidos por Tatsuma – e o que estes implicaram na acção e educação do seu filho Ryuji. Também Rin, preso pelo uso das suas chamas azuis, se encontra numa encruzilhada, dividindo ainda mais aqueles que acreditam no seu potencial e os outros que o temem. Para conduzir a acção num caminho que prove o valor de Rin, Shura Kirigakure continua a provar-se uma das peças mais essenciais nesta história, ao mesmo tempo que mantém bem viva a sua boa disposição.
A fazer uma aparição especial temos Mephisto Pheles, que com um nome destes nunca assumiríamos tratar-se de uma figura tão imponente no Vaticano. Pheles é uma daquelas personagens que entra na acção de forma surreal, assumindo características – como o sentido de humor – ainda mais extravagantes do que qualquer outra personagem, evocando o estilo de séries como Dragon Ball ou Naruto, onde tudo sempre foi um pouco possível. Além da sua veia excêntrica fica a questão de qual a sua verdadeira posição em relação a Rin Okumura – mais um mistério a explorar na série.
Os desenhos continuam a ser um dos pontos mais interessantes de “Blue Exorcist”, onde o trabalho de Katō sobressai pelo número de pormenores que coloca nas suas personagens e cenários. A caracterização de cada cena é importante e bem trabalhada. O ritmo da narrativa continua bem pautado e, desta vez, conseguimos ter um maior aprofundamento dos motivos que movem estas pessoas, o que tornam este volume 7 bem melhor que o seu antecessor. Claro que “Blue Exorcist” não deixa de ser uma aventura muito direcionada para um determinado público, dentro de uma faixa etária mais juvenil, mas no seu género continua a manter-se uma opção a ter em conta.
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