Populares no Japão, as light novels são publicadas primeiramente como folhetins, em revistas ou na Internet, acabando depois por ser lançadas em livro. Nos últimos anos, muitas light novels para adolescentes e jovens adultos têm sido adaptadas para outros meios, ganhando versões em mangá, anime, cinema e séries para televisão (Jdrama). É o caso deste “All You Need Is Kill” (Devir, 2021) que, para além do grande ecrã, ao qual chegou com o título “Edge of Tomorrow” – filme de ficção científica realizado por Doug Liman, que contou com Tom Cruise e Emily Blunt nos principais papéis -, contou igualmente com uma adaptação para mangá, onde o desenho coube ao reputado Takeshi Obata, o criador do imperdível mangá de nome Death Note. Uma adaptação que, depois de ter sido publicada pela Devir em dois volumes há seis anos, chega agora às livrarias num volume de formato ligeiramente maior do que os mangás publicados pela editora.
Imaginem “Groundhog Day” – “Feitiço do Tempo” na versão portuguesa -, esse filme de culto protagonizado por Bill Murray, convertido em distopia científica, na qual a Terra se vê invadida pelos Mimics, uma raça alienígena de monstros quase indestrutíveis e da qual não se sabe praticamente nada: de onde vieram? Como vivem? E porque se parecem com bolas de bowling vestidas como anarcas?
A combater esta vaga alienígena está a enfraquecida United Defence Force, que aposta todas as fichas no Japão. É lá que se encontra a única indústria capaz de produzir as armaduras mecanizadas, recheadas de servo-motores e outras tecnologias de ponta. Com o Japão a ser invadido, tempo para a entrada em acção da Unidade de Elite Americana, comandada por Rita Vrataski, conhecida como “Pantera Blindada”, a melhor soldado do mundo que combate com uma armadura vulcanizada colada à pele.
Keiji Kiriya é um dos recrutas mais inexperientes, verdadeira carne para Mimics, que logo na primeira batalha será posto à prova. Viajando até à ilha de Kotoinshi, arquipélago de Ogaswara, o objectivo é o de impedir que os Mimics estabeleçam um ninho, o que lhes iria facilitar em muito o objectivo de destruir Tóquio. É nesse cenário que Kiriya se irá transformar no Bill Murray do mangá, revivendo o mesmo dia enquanto vai treinando como se não houvesse amanhã, isto para “acordar nesse dia seguinte que ainda não tive ocasião de viver”, transformando-se numa “máquina de guerra onde corre sangue em lugar de óleo”. Um livro de acção vertiginosa onde, por entre muita matança e ressurreição, se arranja ainda tempo para falar de destino e livre arbítrio: “Quando o dom natural de uma pessoa não coincide com aquilo que ela deseja fazer na vida, que decidir? Qual desses dois caminhos pode trazer-lhe a felicidade?”.
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