Como por aqui adoramos ver o mundo aos quadradinhos, deixamos algumas sugestões para que não faltem comics, mangás, novelas gráficas ou tiras cómicas no sapatinho.
“Assassination Classroom 14+15” | Yusei Matsui
Editora: Devir
É um daqueles argumentos que não lembraria ao diabo: na Escola Secundária de Kunugigaoka, o professor da turma E é uma criatura aparentada a um polvo que destruiu a lua e, logo a seguir, prometeu obliterar o planeta Terra em Março do ano seguinte. Uma vez que nem o exército o conseguiu matar, o Korosensei tem à cabeça um prémio de 30 mil milhões de ienes, tendo o seu assassinato sido comissionado aos seus alunos, conhecidos como “a turma E de escumalha”. Turma que, com a ajuda de Korosensei, tem conseguido escalar o ranking escolar, registando um crescimento notável em várias disciplinas. Este ano chegaram às livrarias os volumes 14 e 15 mas, se ainda não experimentaram uma garfada deste polvo à lagareiro, o melhor será começarem pelo primeiro volume.
(Ler mais: 3 | 4 | 11+12 | 13+14 | 15)
“My Hero Academia 1+2+3+4” | Kohei Horikoshi
Editora: Devir
No mundo criado por Horikoshi, 80% da população tem super-poderes – o heroísmo foi mesmo reconhecido pelo Governo como um cargo oficial -, mas há quem, apesar do desejo maior de ser um super-herói, tenha tido o imenso azar de nascer sem qualquer habilidade especial. É o caso do jovem Midoriya Izuku que, perante a mais do que provável impossibilidade de frequentar a Academia de Heróis U.A., sente que a vida terá chegado a um beco sem saída. A juntar a isto, é desde a primeira infância atormentado por Bakugou Katsuki, um convencido de primeira – ou, posto de outra forma mais simpática, “um jovem delinquente com um futuro promissor” – que se diverte a praticar bullying sobre Midoriya como se não houvesse amanhã. Midoriya que, desde muito cedo, percebeu como gira o mundo: “As pessoas não são iguais à nascença. Foi a verdade que aprendi aos quatro anos”. Uma série com heróis e vilões que, com apenas quatro volumes, é já uma das imperdíveis.
“One Punch Man 9+10” | One e Yusuke Murata
Editora: Devir
É, no universo mangá – talvez a par de Assassination Classroom -, uma das séries mais entusiasmantes, misturando acção ao nível de um daqueles blockbusters que gastam milhões em efeitos especiais com um humor adolescente de primeira apanha. E, se tivéssemos de eleger os personagens mais cool, desbocados, cómicos, irónicos e explosivos do universo mangá, há um que estaria certamente em todas as listas, acabando por reunir todas as características atrás referidas: Saitama, o herói improvável que combate o mal nos seus tempos livres e sem qualquer desejo de protagonismo. Cinco estrelas.
“O Diário de Esther 1 + 2” | Riad Sattouf
Editora: Gradiva
Entre o riso e a preocupação, a sociologia e a etnografia, o leitor terá acesso a um fascinante, sincero, inocente e implacável retrato da juventude dos nossos dias, das suas alegrias e das suas misérias, dos seus gestos, palavreado e atitude perante o desenrolar dos dias e do mundo que se estende à sua frente, sem qualquer filtro que o assista (e ainda bem). Nestes dois primeiros volumes – correspondentes ao primeiro volume na edição original -, aprendemos os palavrões mais utilizados pelos rapazes, vemos as miúdas brincar aos pais e às mães e a outros jogos de faz-de-conta, observamos bullys mais ou menos improváveis em acção, tudo isto enquanto se abordam temas como o estigma da homossexualidade, os estereótipos masculinos e femininos, as religiões, o terrorismo, as incertezas e os medos em relação ao corpo ou o racismo. Obrigatório para fãs de banda desenhada servida às tiras – e para pais com filhos pequenos.
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“Tony Chu 10: Galo de Cabidela” | John Layman e Rob Guillory
Editora: G. Floy
“Tony Chu: Galo de Cabidela” abre o livro e coloca Poyo no nono círculo do inferno, um lugar “destinado aos matadores, mofinos, malfeitores e meliantes“, mas também para “malta que saca comics ilegalmente e vice-presidentes republicanos“. A passadeira vermelha dá lugar a uma revolta generalizada, e nem uma joint venture entre as forças das trevas e os exércitos infernais impede que a palavra de ordem mais ouvida perante a visão do galo seja esta: “Fujam, que diabo!“, aqui dita pelo próprio chifrudo. Entretanto, saíram já os dois volumes que completaram a série sobre este agente federal cibopata que possui a estranha habilidade de obter impressões psíquicas de tudo o que mete à boca.
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“Descender 3: Singularidades” | Jeff Lemire e Dustin Nguyen
Editora: G. Floy
Já o dissemos por aqui e voltamos a repetir. Descender é, muito à boleia da arte de Dustin Nguyen, a melhor série de banda desenhada do momento. Para quem ainda não se aventurou neste universo e der por si a ler “Singularidades”, o terceiro volume da edição portuguesa, é desde logo brindado com uma introdução à medida, que ajuda a entrar de cabeça neste mundo singular, muito ao estilo de Blade Runner: “Há cerca de uma década, robôs gigantes, chamados Os Colectores, apareceram subitamente em órbita dos Nove Mundos Centrais do Conselho Galáctico Unido (CGU). Depois de se activarem, lançaram a destruição sobre os mundos humanos, antes de desaparecerem de novo. Temendo a existência de alguma ligação entre esses Colectores e os milhões de robôs existentes no CGU, motins e extermínios anti-robôs varreram a galáxia.” Continua incrível esta ópera espacial aos quadradinhos.
“Monstress 3: Refúgio” | Marjorie Liu e Sana Takeda
Editora: Saída de Emergência
Fruto de uma parceria entre Marjorie Liu (texto) e Sana Takeda (ilustrações), Monstress é uma das mais cativantes histórias da actualidade no que à BD diz respeito, onde tanto encontramos a vertigem dos sonhos de um Sandman como as manhas políticas de uma Guerra dos Tronos, num universo onde a presença feminina é claramente dominante. “Monstress 3: Refúgio” vê Maika Meiolobo a caminho da cidade neutral de Pontus, onde espera encontrar um refúgio temporal dos seus perseguidores, que a seguem em três navios de carreira das Rainhas de Sangue. Magia, caos, sombras e deuses, numa história de fantasia complexa servida pelos desenhos incríveis de Takeda, que nunca nos deixam ver a claridade. Uma daquelas séries para seguir de perto, onde cada releitura deixa descobrir novos pormenores.
“Sabrina” | Nick Drnaso
Editora: Porto Editora
Escrita e desenhada por Nick Drnaso, esta novela gráfica alcançou a proeza de ter sido a primeira a ser seleccionada para o Booker Prize, e tem sido levada ao colo por leitores e críticos um pouco por todo o globo. Trata-se de uma fábula moderna sobre questões como a erosão da verdade, o triunfo das fake news ou o tribunal das redes sociais, tudo embrulhado em papel de conspiração que faz gato-sapato do leitor e o deixa assustado e à nora assim que a última página é virada. Preparem-se para um jogo de verdades e mentiras, de factos e suspeições, numa história carregada de frases onde tomamos o pulso à erosão do mundo: “Enfrentemos os factos. A sociedade encontra-se num estado de anomalia sem saída“. Ou, ainda, “Quando é que tomámos o caminho errado?“. Um livro que nos faz olhar assustados para o espelho, num duelo surdo e enervante, deixando no ar um convite que apetece aceitar sem piscar os olhos: larga a Internet, desliga a televisão e não leias mais jornais. Um dos grandes livros de 2019 com edição portuguesa.
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“Gravity Falls: Lendas Perdidas” | Alex Hirsch
Editora: D. Quixote
Para além de ser uma das mais fascinantes séries de animação televisivas apontadas a miúdos e graúdos, há que saber dar um enorme “respect” ao seu criador. Apesar do sucesso alcançado, Alex Hirsh não embarcou no espírito moderno das reposições desenfreadas, recusando ir além das duas temporadas originais que havia desenhado na sua cabeça. Porém, para que o choro colectivo não se viesse a transformar num novo Dilúvio bíblico, prometeu alguns episódios especiais ou comemorativos, para o tempo que há-de vir. Como é o caso deste “Gravity Falls: Lendas Perdidas”, servido numa bela edição de capa dura, que reúne quatro novas histórias, em banda desenhada, nunca antes reveladas. No final de cada história o leitor vê-se brindado com os comentários de Shmebulock, algures entre os mandamentos morais e o puro reinanço. Um livro obrigatório para os fãs de Gravity Falls.
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“O Despertar de Cthulhu” | H.P. Lovecraft e François Baranger
Editora: Saída de Emergência
Lovecraft escreveu nos anos 20 do século XX umas das mais famosas histórias da literatura fantástica americana. Cthulho é o grande ancião que sonha e espera nas profundezas do abismo do oceano negro, acompanhado por criaturas que espreitam dos recantos mais sombrios. Há por aqui uma seita, sacrifícios indescritíveis, mortes misteriosas, artistas tomados pela demência e uma cidade ciclópica que surge do oceano depois de uma grande tempestade. Uma história de fazer arrepiar os cabelos da nuca que ganha agora uma edição de formato gigante, com a arte de François Baranger, reconhecido pelo seu trabalho como concept artist para cinema e videojogos. Tenham medo. Tenham muito medo.
“Deuses Americanos 2” | Neil Gaiman, P. Craig Russell e Scott Hampton
Editora: Saída de Emergência
Continua a muito bizarra trip pela América, à medida que os heróis reúnem aliados para a iminente guerra entre os deuses. Está aí o segundo volume da adaptação do romance de Neil Gaiman ao mundo dos quadradinhos, uma história com muito de onírico sobre as pessoas que chegaram à América para viverem uma segunda vida. Neste segundo volume, Shadow e Wednesday deixam a Casa na Rocha e continuam a sua viagem pelo país, à procura de aliados e preparando-se para a guerra.
“Paper Girls 2” | Brian K. Vaughan, Cliff Chiang e Matt Wilson
Editora: Devir
Quase que bastaria dizer que o autor de Paper Girls dá pelo nome de Brian K. Vaughan para subscrever a série de olhos fechados. Do autor de Saga, Paper Girls conta com a arte de Cliff Chiang, o lendário artista da Mulher-Maravilha, que aqui assina um trabalho notável numa história carregada de acção que aborda o que é a identidade, reflecte sobre a mortalidade e se interroga sobre o que é ser adulto neste insano século XXI. Neste segundo livro, quatro jovens que entregam jornais porta a porta são lançadas de 1988 para o ano de 2016, numa aventura com um toque feminista e um certo ambiente a fazer lembrar a série Stranger Things. E o melhor de tudo é que o terceiro volume acaba de chegar às livrarias.
“The Promised Neverland 1 + 2: A Casa de Grace Field + Controlo”| Kaiu Shirai e Posuka Demizu
Editora: Devir
The Promised Neverland está algures entre uma história de vampiros, um conto de terror, um filme B de ficção científica e uma visita aos estúdios de The Truman Show, ficando o protagonismo entregue a catraios que ainda não atingiram as 12 primaveras. Sem entrar em grandes spoilers, a trama vai mais ou menos assim: Emma, Norma e Ray vivem felizes e sem grandes preocupações na Casa de Grace Field, acarinhados por uma mulher a quem desde o berço se habituaram a chamar de mãe, esperando por uma adopção que viram já bafejar outras crianças. Afinal, “a vida na casa não dura para sempre. Todos temos de ser adoptados até aos 12 anos e sair do ninho“. Isto até ao dia em que Emma e Norman descobrem que há uma verdade arrepiante sobre a casa onde têm passado a sua existência, e que a única saída que lhes resta é uma fuga que está ao nível do que Stallone, Pelé e amigos fizeram em “Escape To Victory”. O terceiro volume acaba de chegar às livrarias.
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