David McKee é, no universo da literatura infantil, um nome incontornável. Enquanto estudava na Escola de Arte e Design de Plymouth, começou a colaborar com vários jornais como caricaturista – o The Times foi um dos meios onde trabalhou antes de se dedicar à ilustração. Como autor, publicou desde 1964 inúmeros livros infantis, muitos deles convertidos em projectos cinematográficos ou séries de animação para televisão. Entre outros prémios, recebeu o Deutcher Jugendliteraturpreis, em 1987, o Children`s Choice Selections, em 1997, o International Reading Association, em 1997 e 1999, tendo sido nomeado em 2006 para o Prémio Hans Christian Andersen. Alguém que, a certa altura, disse gostar de “pensar que escrevo para o adulto que a criança será um dia e para a criança que ainda está no adulto”.
Em “Agora Não, Tiago” (Kalandraka, 2019) aborda-se o mutismo dos pais em relação aos filhos, transmitido através de um adiamento gramatical que chega sob a forma de um agora não. Tudo através de uma espécie de revisitação da história de Pedro e o Lobo, onde se começa pela última etapa e não há sequer tempo para uma abébia: “Está um monstro no jardim que me vai devorar”.
Estamos diante do alheamento puro, numa história com o seu quê de nonsense sobre a importância do saber ouvir, apreciar, cuidar e tomar conta dos mais pequenos que cada um tem a seu cargo – e da fantástica missão que é a parentalidade e a importância do afecto.
As ilustrações estão carregadas de cor e apontadas ao riso da infância, oferecendo uma lição gramatical importante nesta história sobre a falta de comunicação: “Agora não” deixa de ser uma resposta possível.
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