Por muito que as questões de género estejam na moda e se recomendem, há tópicos, frases feitas e situações que serão sempre – e naturalmente – vistas através das diferenças do olhar e do comportamento diferenciado entre homens e mulheres. O que, quando se fala em tomar conta de filhos pequenos em modo solo, ganha uma dimensão acentuada e divertida.
Em “A Viagem da Mamã” (Kalandraka, 2016), um jovem elefante conta-nos sobre aqueles dias em que a mãe foi viajar, ficando o pai a tomar conta de tudo. Ao chegar a casa, há mais silêncio, não cheira a flores e a voz que habitualmente conta as histórias surge agora mais grossa. Por outro lado, nesta casa sem a mãe cheira a pés descalços, a chocolate quente e toma-se o pequeno-almoço na cama, sendo o pijama a roupa oficial nestes dias de ausência. A música está mais alta e a comida mais picante. Mas, à noite, o computador e as novas tecnologias devolvem o rosto da mãe e tudo volta a ficar mais luminoso, ainda que o cheiro continue ausente.
Mariana Ruiz Johnson, que já antes nos havia oferecido “Mamã”, escreve agora uma história que mostra a evolução dos sentimentos de uma criança perante as repentinas mudanças de cenário familiar, obrigando-a a fazer ajustes e lançando-a, também, na descoberta de novos sentimentos e emoções, até que o círculo familiar e os cheiros voltem a tomar conta do lar doce lar. Um olhar sobre a família, feita de diferentes ilhas, com fauna e flora variável, seja de acordo com o sexo, a personalidade ou a alma de cada um que nela mora. As ilustrações são, à semelhança desta história, sentimentais e ternurentas, apontadas ao universo mágico da primeira infância.
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