Autor de mais de 70 livros, Eric Carle sempre tratou de olhar para infância longe da candura de outros. “Creio que a passagem de casa para a escola é o segundo maior trauma da infância; o primeiro, certamente é nascer”, disse a certa altura, afirmando que os seus livros são uma forma de minimizar esses temores, substituindo-os por uma mensagem positiva e apelando ao seu lado mais criativo e ao desejo de aprender.
“A Pequena Semente” (Kalandraka, 2020) segue o mesmo caminho de obras como “A lagartinha muito comilona” ou “A joaninha resmungona”, mostrando a natureza cíclica da natureza que, aqui, se centra no ciclo natural de uma planta ao longo do ano, com o foco nos obstáculos que podem impedir uma semente de se transformar numa flor.
Seguimos os passos de uma pequena semente, com dificuldade em acompanhar as outras enquanto viajam com o vento forte de Outono. A sua pequenez e resiliência acabam por se revelar uma benesse, vendo outras com mais currículo e tamanho serem queimadas pelo sol ou ficando pelo caminho, até ao passo derradeiro que a permitirá transformar-se em planta.
Eric Carle transforma esta história natural de morte e ressurreição num elogio ao sonho com muita poesia lá dentro, num convite para que os mais novos e aqueles que há muito o deixaram de ser olhem para o mundo com mais atenção e respeito. As ilustrações têm o toque de ouro de Carle, com uma expressividade feita com muitas colagens e um tremendo espírito inventivo. De arregalar os olhos.
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