“A Mulher Entre Nós” (Suma de Letras, 2018) romance das autoras norte-americanas Greer Hendricks e Sara Pekkanen, tem um enredo elegante mas sinuoso, sopesando uma narrativa ambivalente e contraditória entre a tensão e a calma. A história de um perturbador triângulo amoroso, num jogo de espelhos – por vezes difícil de descortinar – que assume as imensas complexidades de um casamento e de uma obsessão.
Vanessa, recém-divorciada de Richard, está deprimida, a morar no apartamento da tia, sem filhos, dinheiro ou amigos verdadeiros. Richard, o seu carismático e rico marido, era tudo para ela. Mas, ao descobrir que ele está prestes a voltar a casar, só existirá uma única obsessão: impedir que esse casamento ocorra, custe o que custar.
Nellie é como qualquer outra jovem bela e sonhadora, que chega a Manhattan para começar a sua tão sonhada vida adulta, mas a personalidade tranquila que ostenta é apenas uma fachada. Na sua cabeça perdura o segredo que a faz fugir da sua cidade natal e a impede de caminhar sozinha, à noite, para casa, temendo pela sua segurança.
Algures entre o thriller e uma visita a uma casa de espelhos, este romance escalpeliza, com grande calma e lucidez, a ideia base de que não conhecemos a pessoa com quem casamos, assentando na premissa de que ninguém é como o Outro pensa que é.
Próprio para ser adaptado ao ecrã pelas múltiplas surpresas que o enredo contém, “A Mulher Entre Nós” está escrito com criatividade, abordando os problemas mais complexos num casal – a falta de referências comuns, a falta de conhecimento mútuo, os traumas de infância e de juventude de cada um, a obsessão, a violência doméstica, a falta de confiança e de auto-estima – e desmontando-os de forma verdadeiramente eficaz.
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