É apontado como um dos primeiros “ecológicos” do mundo, escrito pela autora sueca Selma Lagerlof, a primeira mulher a ser distinguida com o Nobel da Literatura, corria o ano de 1909. “A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson Através da Suécia” (Sextante, 2020), publicado agora numa aprumada edição de capa dura – como já é tradição na colecção Biblioteca dos Tesouros -, foi uma encomenda feita a Lagerlof para as escolas da Suécia, com o objectivo de ensinar às crianças a geografia do seu país. O resultado acabou por ser bem maior do que isso, qualquer coisa como uma fábula de dimensões épicas sobre a redenção e encontrar o bom caminho.
“Era uma vez um rapaz. Tinha cerca de catorze anos e era alto, magricela e loiro. Esse rapaz pouco sabia fazer: desejava, acima de tudo, dormir e comer, e fazer as suas travessuras proporcionava-lhe também muito prazer.”
Este rapaz dá pelo nome de Nils Holgersson, filho de pais camponeses pobres, “pessoas invulgarmente obstinadas e trabalhadores”. Um rapaz com o qual a mãe se preocupava demasiadas vezes, por o achar “violento e maldoso, cruel com animais e rancoroso com pessoas”. Num domingo em que os pais vão à igreja, Nils acaba por trocar a missão que estes lhe haviam deixado – a leitura de um texto bíblico que seria posta à prova com um questionário – por maltratar um duende, que estava sentado na borda do baú onde a mãe guardava todos os objectos que recebera da avó de Nils. Como castigo, Nils vê-se também transformado num duende, conseguindo agora ouvir o que dizem os animais, todos eles furiosos com ele por os maltratar a toda a hora – o que, com a inversão de tamanhos, não parece nada animador para o agora duende.
Entretanto, Marsten, o ganso-doméstico da quinta de Nils, decide acompanhar os gansos selvagens na sua viagem até à longínqua Lapónia, um projecto que Nils começa a ver com bons olhos e que mudará a sua visão do mundo mas, sobretudo, de si próprio e da relação com os outros.
Esta edição portuguesa é a primeira traduzida a partir do sueco, reproduzindo integralmente a edição original em dois volumes de 1906-07, e contém as famosas ilustrações de Bertil Lybeck para a edição de 1931.
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