“A Mão que Cura” (Dom Quixote, 2024) é o romance de estreia da escritora colombiana Lina María Parra Ochoa – e que estreia! A obra narra a história de Soledad que, sob a orientação da professora Ana Gregoria, descobre possuir “a mão que cura” – e, talvez agora, perante a morte do pai e a instalação de uma tristeza sólida, ela precise mais do que nunca dessa cura.
Ana tem os poderes e precisa de sintonizar-se com eles, de usá-los. Vem de uma linhagem de mulheres com mãos que curam, faz parte de uma herança irrevogável – e a honrar. Ao longo da narrativa, tecida habilmente, Soledad aprende a manejar as práticas místicas, a chamar a si a espiritualidade ancestral, explorando a dualidade do sobrenatural, a controvérsia da bruxaria mas, também, temas como a morte e o luto, a família e a busca pela identidade.

A trama é enriquecida por uma aura de misticismo, sem no entanto carregar a narrativa desses elementos tão típicos da literatura latino-americana – que, aqui, conferem outra profundidade à história familiar de Soledad.
As críticas na imprensa têm aplaudido esta estreia, falando de “um romance cheio de beleza e de dor, um romance de mulheres que cuidam, protegem e se olham diretamente, transmitindo um segredo, o dos poderes, o da resistência” (El Periódico de España). Por aqui, não poderíamos estar mais de acordo. A ficção de Parra atravessa tradições e gerações, transformando tensão em energia, capaz de resignificar a dor e a tristeza e, dessa forma, recuperando afectos e presenças que curam.
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