Jessica Barry é o pseudónimo da escritora americana Melissa Pimentel, residente no Reino Unido, que conta com dois livros publicados em Portugal. A estreia no universo dos thrillers acontece agora com “A Fugitiva” (Planeta, 2019), livro que apresenta uma trama empolgante e misteriosa, que mantém o leitor preso a um conjunto de factos que urge desvendar e compreender – e que, por outro lado, se ancoram no vínculo afectivo entre mãe e filha, um vínculo complexo mas muito forte.
A acção decorre a partir de um desastre aéreo, em que a única passageira que sobrevive dá início a uma incessante luta pela sobrevivência, carregada de provações. Esta sobrevivente é Allison, que se afastou da mãe após a morte do pai, culpabilizando-a por não a terem incluído numa decisão de eutanásia ou, sequer, permitido um momento de despedida. Desde então a sua vida mudou para pior, afastando–se da casa de família e mudando radicalmente, quer física quer psicologicamente. Algo no entanto permaneceu intacto dentro dela, que se irá revelar nesta difícil luta entre a vida e a morte – e após conhecer uma verdade que a pode matar.
Maggie é a mãe, uma mulher que apenas sabe que a filha teve um acidente de avião e que, provavelmente, estará morta, facto que refuta por o seu corpo ainda não ter sido encontrado. Sobre a vida presente da filha nada sabe, e cada informação que recebe fá-la sentir que não conhece de todo a pessoa em que esta se transformou nos últimos dois anos, tentando encaixar as peças do puzzle que lhe vão sendo fornecidas ao longo do livro.
O livro lê-se – e ouve-se – como uma sonata a duas mãos em crescendo, com relatos de mãe e filha na primeira pessoa, fornecendo vagarosamente as pistas sobre segredos sombrios do passado, percorrendo três ou quatro épocas distintas das suas vidas – o que confere uma intensidade única ao desenrolar da trama. É sobretudo essa sobreposição de tempo e de factos que torna esse thriller tão atraente.
Sem Comentários