Muito a propósito, regressou dos mortos. A mítica Colecção Vampiro (re)começou, em 2016, uma segunda vida, ressuscitada pelo Grupo Porto Editora na chancela Livros do Brasil. É a mais antiga colecção policial publicada em Portugal e, pelas suas páginas, passaram escritores lendários como Raymond Chandler, Dashiell Hammett e, também, o norte-americano Rex Stout, autor deste “A Caixa Vermelha” (Livros do Brasil, 2020).
Stout é um mestre do género policial, que com a série dedicada ao detective Nero Wolfe comprou o seu bilhete para a posteridade. O volumoso Wolfe é um colosso intelectual e físico. Gourmet empedernido, vive para saborear os seus fartos repastos, regados com cerveja, reservando várias horas por dia para tratar das orquídeas. Quase nunca abandona o conforto da casa de Manhattan, contando com o assistente Archie Goodwin para fazer o trabalho de campo. Archie é o narrador da história, e as melhores deixas são dele.
Neste livro, Wolfe é convencido (a custo) a ir até uma loja de alta costura para investigar o assassínio de uma bela modelo, morta através de um método invulgar: um bombom de chocolate artilhado com cianeto. Mas estaria o doce destinado à rapariga? Ou haveria outro alvo em vista? Segue-se uma intriga familiar de raízes antigas e segredos venenosos.
É quando acontece um novo crime, desta vez na própria casa de Wolfe, que a intriga se complica – o defunto deixa em testamento uma misteriosa caixa vermelha, que ninguém consegue encontrar, e que poderá ser a chave para a identidade do assassino.
“A Caixa Vermelha” reúne duas tradições policiais: a escola britânica de mistério tipo puzzle, onde se formaram personagens como Sherlock Holmes e Miss Marple, e o mundo negro, cínico e ambíguo do mais sujo noir americano. Nero Wolfe é genial, mas o homem que lhe deu vida não lhe fica atrás: Stout é um escritor perspicaz e espirituoso, e é o seu talento que nos mantém pregados à história até à última página.
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