Para muitos será difícil imaginar que Jo Nesbo, um dos reis do policial nórdico depois da invenção do inspector Harry Hole – que, infelizmente, está a amolecer como figos deixados ao sol depois de já madurinhos -, é também autor de livros para jovens, dotados de muito humor e movidos a, imagine-se, puns. Sim, puns.
Depois de “O Pó de Puns do Doutor Proctor“, livro que nos apresentou a um estranho trio de esquisitóides composto pelo lunático Doutor Proctor, o pequeno-quase-anão Nicles e a doce Lisa, segue-se agora a segunda aventura, intitulada “A Banheira das Viagens no Tempo” (Planeta, 2017), que mostra aos mais pequenos que têm aqui uma série de confiança da qual podem esperar muitas risadas e histórias bem desenhadas.
Para quem não leu o primeiro livro, comecemos por dizer que o Doutor Proctor é um inventor incompreendido que, para além de ter criado o pó de puns mais poderosos de todo o planeta – se o exército descobrisse teríamos certamente naves e aviões movidos a puns -, faz também, segundo Nicles, a melhor das gelatinas. Proctor vive com o coração destroçado pois, há muitos anos atrás, Julieta Margarina, o grande amor da sua vida, desapareceu sem deixar rasto, depois de terem combinado um casamento à pressa e uma vida inteira lado a lado.
Nesta novo livro, Nicles e Lisa recebem um postal de Proctor com selo de Paris, que partiu para a cidade das luzes em busca de Julieta. Apesar de aparentemente tudo parecer estar bem com Proctor, os pequenos descobrem algumas mensagens secretas, que falam numa banheira onde é possível viajar no tempo se se usar um sabão muito especial e umas molas para o nariz que permitem falar francês ainda melhor do que um francês.
Começa assim uma grande aventura para Nicles e Lisa que, para além de terem de lutar com vilões de monta como Claude Cliché ou Raspa, irão travar conhecimento com figuras históricas como Napoleão Bonaparte ou Joana d’Arc. Um livro muito divertido que revela uma máxima carregada de espírito de sacrifício: “A História está gravada em pedra e só se pode alterar o que está escrito se se estiver disposto a morrer“. Bem mais castiço e divertido que os últimos policiais de Harry Hole.
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