Portuguesa
#5
“Regressar a Casa com Manuel António Pina” | Inês Fonseca Santos
“Regressar a Casa com Manuel António Pina” (Abysmo), de Inês Fonseca Santos, é um livro inesperado, composto por 3 partes: uma conversa, um ensaio e um presente – um DVD com uma curta-metragem documental sobre o tema da casa. O livro é assim circular, volta por fim à conversa inicial, parcialmente e filmada, e aí encontramos o poeta objecto desta homenagem, no interior de sua casa, tão calmo, tão acessível, tão próximo de deixar tudo, conversando, arrumando livros, fumando charuto.
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#4
“As Caldas de Bordalo” | Isabel Castanheira
Um ambicioso e bem-sucedido projecto gráfico que, a partir dos textos de Isabel Castanheira, recria o grafismo e o formato das publicações lançadas por Bordalo Pinheiro na sua época, ao mesmo tempo que as reinterpreta apresentando 89 passos – ou propostas – para a descoberta da obra de Bordalo Pinheiro numa cidade que foi a sua casa e lugar de muitas experiências e devaneios criativos. “As Caldas de Bordalo” (Arranha-Céus) é um objecto gráfico de grande monta, um excepcional trabalho de pesquisa, uma homenagem muito pessoal da autora a “um homem que gozou a vida e e os seus prazeres, que mostrou ser adversário implacável com os seus inimigos, leal com os amigos, que amou, sofreu e chorou e que a respeito de tudo soube rir e fazer rir”. Sem dúvida uma das mais belas e fascinantes edições nacionais dos últimos anos.
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#3
Lançamento da colecção Ephemera
Constituído sobretudo pela biblioteca de família, pelas aquisições que Pacheco Pereira tem feito desde 1963 e por um conjunto vastíssimo de doações, o Arquivo / Biblioteca Ephemera – ou, como é conhecido entre coleccionadores e estudiosos, o Arquivo da Marmeleira, por se situar geograficamente nessa aldeia ribatejana – integra todo o tipo de espécimes literários: catálogos, guias de referência, fontes primárias, manuscritos, correspondência, originais dactilografados, panfletos, cartazes, fotografias, autocolantes e iconografia diversa. Uma colecção que, ainda que generalista, recai mais sobre a história política e contemporânea. A boa notícia para o comum – e curioso – leitor é que, graças a uma sinergia criada entre Pacheco Pereira e a Tinta da China, boa parte dessa colecção ficará agora publicamente disponível através da publicação dos livros que constituirão e colecção Ephemera, a qual colocou já três títulos no mercado: “Autocolantes do PPD”, “Amorzinho” e “Luz nos livros”.
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#2
“Não Percas a Rosa/Ó Liberdade, Brancura do Relâmpago” | Natália Correia
Depois de ter revisitado o clássico Petzi, a Ponto de Fuga cumpriu a promessa de sair fora do universo da literatura infantil. E fê-lo com pompa e circunstância, com a publicação de “Não Percas a Rosa/Ó Liberdade, Brancura do Relâmpago”, livro que apresenta alguns textos inéditos de Natália Correia e que se apresenta dividido em duas partes: uma correspondente ao diário escrito entre 25 de Abril de 1974 e 20 de Dezembro de 1975 e, uma outra, que recupera as crónicas publicadas pela autora nos jornais “A Capital” entre Julho de 1974 e Julho de 1975 (“Crónicas Vagantes”) e “A Luta”, de 1975 a Março de 1976. Graficamente o livro é um mimo, começando pela sobrecapa em papel vegetal ao seu interior, que contempla fotografias da autora e dos seus textos, utilizando diferentes tipos de papel para cada uma das duas partes que o compõem. De se lhe tirar o chapéu.
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#1
“1915 – O Ano do Orpheu” | Steffen Dix (Organização)
Um século depois, a Tinta da China puxa dos seus galões e publica “1915 – O Ano do Orpheu”, um livro que é muito mais que um elogio póstumo à publicação. A acompanhar esta viagem histórica, “1915 – O Ano do Orpheu” chega acompanhado de muitas ilustrações, caricaturas, reproduções de quadros, recortes de jornal, carimbos, posters, correspondência e fotografias, tudo embrulhado numa fabulosa capa – mais uma com o selo da editora – que recria o segundo número da Orpheu. Se aí por casa têm uma estante especial dedicada a livros memoráveis, tratem de arranjar um bom lugar para este.
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Estrangeira
#5
“O Endurance” | Caroline Alexander
Em “O Endurance” (Planeta) – com o sub-título “Encurralados no gelo” -, Caroline dá-nos um relato fascinante da expedição de Shackleton, que entrou para a história como um dos maiores épicos de sobrevivência. Paralelamente ao relato de Caroline, o livro apresenta o trabalho fotográfico – e pioneiro – de Frank Hurley, o fotógrafo australiano que integrou a expedição – falhada, uma vez mais – de Shackleton, trabalho que nunca havia sido antes publicado na íntegra. Um documento histórico extraordinário sobre um dos mais primários e fascinantes instintos humanos: a sobrevivência.
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#4
“A História Não Contada dos Estados Unidos” | Oliver Stone e Peter Kuznick
“Livros de História? Isso é muito chato!” Se alguma vez ouviu esta frase saiba que ela não se aplica, de maneira alguma, ao excelente livro de Oliver Stone e Peter Kuznick, intitulado “A História Não Contada dos Estados Unidos” (Vogais). Stone e Kuznick rechearam este livro com tudo o que de interessante se passou na história americana dos últimos 115 anos. Repleto de personalidades carismáticas, os actores da História são retratados como seres humanos, com todos os seus defeitos e fragilidades. Claro que a história dos Estados Unidos é, em larga medida, a história do mundo como o conhecemos.
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#3
“Problemas no Paraíso” | Slavoj Žižek
Há, em “Problemas no Paraíso” (Bertrand Editora, 2015), uma ramificação infinita dos conceitos apresentados, pese a raiz ser sempre a mesma: um abalo tão forte no sistema capitalista que causará a sua resolução. Como o subtítulo O comunismo depois do fim da história indica, Žižek acredita que o comunismo é a única solução para um mundo pós-histórico, a era da plenitude cooperativa e dos direitos humanos – o processo acumulativo, por erro, que a História nos dita deixa de ser necessário. À semelhança dos outros ensaios do autor, bem como das inúmeras palestras, bem documentadas em linha e que preenchem a sua agenda, Žižek quer o mundo em 300 páginas. Falha redondamente e certamente saberá disso. Vai até onde a linguagem permite. Abrange múltiplas variáveis para o mesmo problema e o limite é a sua humanidade, favorecida por um raciocínio incansável: o que há depois do fim da história?
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#2
História do Corpo
Já começa a ser repetitivo mas há que dizê-lo de novo. O Círculo de Leitores, que tem por hábito lançar colecções fora de série, decidiu repetir a gracinha, desta vez com o lançamento da História do Corpo que, em seis volumes, procurará mostrar a história do Homem e do seu corpo ao longo dos séculos. Ao olhar o corpo propõe-se olhar o quotidiano das pessoas: como vivem, como lidam com a doença, os valores que as orientam, a importância da religião e o impacto da ciência nas suas vidas. Num período da história em que o corpo parece caminhar para a replicação e a virtualidade, abolindo as fronteiras entre os territórios do que é orgânico e aquilo que é mecânico, a História do Corpo representa uma oportunidade imperdível de olhar a história do corpo ao longo dos séculos e, com isso, conhecer os limites físicos do ser humano.
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#1
“O que vemos quando lemos” | Peter Mendelsund
O que vemos quando lemos, além de palavras impressas numa página? O que imaginamos nas nossas mentes? Recorrendo a clássicos como Anna Karénina, Moby Dick ou a escritores com um invulgar sentido espácio-geográfico como Italo Calvino, Mendelsund leva-nos, em “O que vemos quando lemos” (Elsinore), para dentro dos livros possibilitando, dessa forma, que a ficção alcance a nitidez. Uma combinação de ilustração, filosofia, crítica literária e teoria do design, naquele que é, sem dúvida alguma, um dos mais bonitos e estimulantes lançamentos de 2015.
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https://viagemdasletras.wordpress.com/2015/12/31/livros-de-2015-escolhas/