Nascida em Santo André – São Paulo, Brasil -, Judith Nogueira é cirurgiã do aparelho digestivo e mestre em comunicação e semiótica, tendo leccionado por mais de vinte anos em cursos de Psicologia, Psicopedagogia, Psicossomática e Educação Infantil, para além de tratar, no seu consultório, distúrbios de aprendizagem, linguagem e motricidade.
“O labatruz e outras desventuras” (Editora Quatro Cantos, 2015 – edição brasileira), livro que contém uma trilogia de contos que evitam qualquer sombra de “finais felizes”, apresenta aos mais novos uma série de temas de difícil digestão: solidão – “O labatruz” -, frustração – “O construtor de navios” -, e morte – “O homem que fazia luz”.
Fábula la fontainiana, “O labatruz” conta a história de um lobo solitário, incapaz de encontrar a felicidade junto da alcateia que o acolheu, decidido a correr mundo em busca de um seu igual, de si próprio e do seu lugar no mundo.
“O construtor de navios” tem como personagem central um homem que, apesar de ter tido tudo – amor, sucesso, dinheiro, fama – durante a sua vida, sente que lhe falta completar algo: deixar a sua marca, oferecer um legado ao mundo. Decide então construir o mais incrível navio de sempre, um que, depois de iniciar o seu percurso, não mais cesse de navegar, sem que seja preciso uma mão para segurar o leme. O final é surpreendentemente poético e redentor.
A morte, o tema mais difícil, surge em “O homem que fazia a luz” – literalmente -, a história que encerra a trilogia. Com o andar dos anos, e não tendo ainda passado a ninguém a arte de fazer luz, este homem vive entre a crença de que a morte não chegará e a ideia de que a luz poderá sobreviver à sua passagem depois da chegada da escuridão.
Com o clássico espírito das fábulas, “O labatruz e outras desventuras” apresenta aos jovens leitores o desencanto da – e com a – vida e o questionar da existência individual, mostrando que nem sempre temos à mão uma varinha mágica para fazer desaparecer o negrume de que também é composta a existência.
2 Commentários
[…] O Lobatruz e outras desventuras – Judith Nogueira – Deus me […]
Muito bom