Bailarina. Médico. Professora. Astronauta. Entre muitas outras, são estas as respostas mais comuns dadas pela pequenada quando perante a inevitável pergunta que os crescidos lhes vão colocando como um mantra parental: o que queres ser quando fores grande?
Pois bem, depois de passarem os olhos pelo livro “Mãos à obra: cada casa a seu dono” (Orfeu Negro, 2015), é provável que muitas delas comecem a incluir na lista uma outra profissão: arquitecto/a.
Vencedor de uma menção honrosa no Bologna Ragazzi Award 2013, “Mãos à obra: cada casa a seu dono” apresenta onze casas contemporâneas que marcaram a arquitectura, desde o século XX até ao início do século XXI, projectadas por alguns dos mais célebres arquitectos do planeta: Gerrit Rietveld, Le Corbusier, Frank Lloyd Wright, Charles e Ray Eames, Mies Van Der Rohe, Jean Prové, Álvaro Siza Vieira, Frank Gehry, shigeru Ban, Rem Koolhaas e a dupla Sarah Wigglesworth & Jeremy Till.
Apresentadas por ordem cronológica de construção, desenham-se onze casas com lugar eterno num mundo que, descrito pelas crianças, seria mostrado com a facilidade de se juntar uma porta, duas janelas e um tecto: temos a Casa Schroeder, inspirada no movimento De Stijl e particularmente em Piet Mondrian, cheia de luz e sem paredes; a Villa Savoye, uma casa de planta quadrada e vários pisos, com 20 metros de largura, que apresenta os cinco pilares de uma arquitectura inovadora; a famosa – e literal – Casa da Cascata, cujo interior parece uma gruta mobilada; a Casa Eames, colorida e cheia de invenções; a Casa Farnsworth, onde tudo está pintado de branco por razões estéticas e que usa maioritariamente os dois materiais de construção preferidos de Van Der Rohe: o vidro e o aço; a Casa dos Dias Melhores, a um preço açessível a todos, pronta em dois dias e destinada a dar um tecto aos sem-abrigo; a Casa Beires, aparentemente um simples cubo colorido de betão, que parece ter uma fenda na fachada cheia de janelas – hoje, uma vedação luxuriante invade o edifício; a Casa de Santa Monica, desconstruída a partir de cubos de vidro que parecem duplicar o seu tamanho; a Casa de Papelão, construída por voluntários, destinada a alojar vítimas de catástrofes, algo muito frequente no Japão; a Casa de Bordéus, pensada de raiz de modo a servir como uma luva ao seu habitante, que havia ficado paralisado num acidente de carro – a principal divisão é um elevador/escritório, com mais de três metros de largura; a Casa Ecológica, pensada de modo a criar uma harmonia com o ambiente.
Didier Cornille, autor do texto e das ilustrações, estudou Design e fundou o departamento de Arquitectura de Interiores na Escola de Belas-Artes de Tourcoing, em 1980. É, também, autor e ilustrador de livros para crianças. Neste “Mãos à obra: cada casa a seu dono” somos prendados com os seus desenhos precisos e miniaturistas, mostrando-nos que, por detrás de algumas das casas que conhecemos, se escondem verdadeiras obras de arte. Um hino ilustrado à grande Arquitectura.
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