James Patterson é um dos autores de ficção mais populares e produtivos de sempre, graças a uma série de factores: o ritmo acelerado e vibrante dos seus livros, que cruzam temas e géneros muito díspares, a colaboração com inúmeros co-autores e a sua criatividade na promoção e marketing das obras que escreve. Essa bagagem foi adquirida nos primeiros 25 anos da sua carreira, passados na publicidade, onde chegou a C.E.O. da J. Walter Thompson, na América do Norte.
Desde 1996, Patterson dedica-se a tempo inteiro à escrita de ficção, supervisionando todos os aspectos da sua produção, tendo um staff de uma dúzia de pessoas a trabalhar com ele. É o chefe de uma fábrica que produz entretenimento em massa. Na maior parte dos seus livros, o autor imagina um conceito e um outline detalhado da sua história, trabalhando depois com co-autores que dão corpo à obra que segue para os escaparates.
“Zoo” (Topseller, 2015) não escapa à regra e foi escrito em colaboração com Michael Ledwidge, um dos braços direitos de Patterson, ostentando na capa o impressionante número de 305 milhões de exemplares vendidos por Patterson no mundo inteiro.
O livro centra-se na luta do jovem biólogo Jackson Oz contra um fenómeno terrível: por todo o mundo estão a aumentar os ataques de animais a humanos, numa escalada imparável que pode pôr em causa a própria civilização humana. Depois de sobreviver a um aterrador ataque de leões no Botsuana, Oz vai tentar chamar a atenção dos líderes mundiais antes que seja tarde demais.
A fórmula Patterson está bem explicitada em “Zoo”: frases curtas, muitos parágrafos por página e capítulos muito curtos. O próprio Patterson admite não estar interessado em escrever bonitas e líricas frases, o que interessa é a história: se a história não agarra o leitor pelo pescoço, o resto não importa. “Acima de tudo sou um entertainer”, diz.
E, em certas alturas, “Zoo” agarra-nos mesmo. Liga-se um projector de cinema na nossa cabeça e parecemos estar a assistir a um blockbuster de Hollywood: exagerado, intenso e com um ritmo infernal, como devem ser os blockbusters. As cenas de acção estão muito bem escritas, trepidantes e com uma grande dose de suspense. São estas cenas que sustentam o livro, porque de resto a maior parte das personagens são bonecos unidimensionais, e alguns desenvolvimentos da história parecem-nos bastante improváveis.
O suspense, algum sentido de humor e uma progressão rápida da narrativa ajudam-nos a esquecer a inverosimilhança de tudo isto, que de outra maneira poderia tornar-se risível (um dos vilões é um chimpanzé com um barrete vermelho, e há quem morra “esgatanhado” por um esquilo enraivecido – isto não é tão estúpido quanto soa). Mais para o fim do livro, aparece reforçado um certo subtexto ecológico: a história assume o tom solene de uma alegoria ao nosso mundo, e àquilo que estamos preparados para fazer para o defender.
“Zoo” foi adaptado a uma série de televisão da CBS, exibida na América entre Junho e Setembro deste ano, pelo que em breve vamos poder ver esta história nos nossos ecrãs.
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