Poliomielite. Varíola. Sarampo. Difteria. Rubéola.Um sem-número de doenças erradicadas ou que a ciência tinha tratado de minimizar, num debate que nunca o havia propriamente chegado a ser. Os últimos anos, porém, têm trazido à tona um combate de cariz ideológico: de um lado, os defensores das vacinas; do outro, a corrente anti-vacinação, que ganha a cada dia que passa mais seguidores.
Eula Biss foi professora do ensino público em Nova Iorque, sendo actualmente docente na Northwestern University, em Chicago. Depois de ser mãe, mergulhou de cabeça no aceso debate, numa luta que está longe de ser apenas científica e que se alimenta de metáforas, da desinformação, de mentiras que se vão alastrando como um vírus. A pergunta inevitável que colocou a si própria foi esta: será a inoculação um risco que vale a pena correr?
Em “Imunidade” (Elsinore, 2015), ensaio que esteve entre os dez melhores livros de 2014 da New York Times Book Review e foi finalista do National Book Critics Circle Award, Eula Biss recorre tanto a obras científicas como a alguns mitos ocidentais para questionar a ansiedade e o que nos faz resistir à imunização, argumentando que a defesa individual, através da vacinação, serve um propósito bem mais vasto: defender esse corpo imenso a que chamamos sociedade.
Análise a algumas das mais profundas interrogações sobre saúde e identidade, “Imunidade” defende que, apesar da vacinação poder ser sempre vista como uma violência, será sempre um risco que valerá a pena correr, em nome do bem individual e comum. Um ensaio muito pertinente.
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