Se tentarmos cruzar a expressão “clássico” com o universo da pequenada num inquérito realizado escola a escola, o mais provável é termos, como respostas, livros/filmes como a Branca de Neve, o Pinóquio ou até mesmo o Grou mal-disposto. Outros há que, mais dados ao mundo da redondinha, responderão com um Porto-Benfica ou um mais britânico Chelsea-Arsenal, o que não deixa de ser verdade. Poucos, porém, associarão o termo clássico aos grandes romances literários, sejam eles “Anna Karénina” ou “Moby Dick”.
Salvar os grandes clássicos da literatura do esquecimento. É este o grande lema e o espírito de missão que estão por detrás da colecção – espera-se, uma vez que na capa está impresso o número um a prometer continuidade – “Histórias Inesquecíveis” (Nuvem de Letras, 2015), um projecto idealizado e curado pelo italiano Alessandro Baricco que coloca alguns dos maiores escritores da contemporaneidade a (re)escrever sobre livros míticos da história da literatura, tendo nos mais jovens o leitor por excelência.
Neste primeiro volume, o leque de escritores e as histórias recriadas são um pequeno festim: “Gulliver” por Jonathan Coe; “Antígona” por Ali Smith; “Capitão Nemo” por Dave Eggers; “Crime e Castigo” por Abraham B. Yehoshua; e “Don Giovani” por Alessandro Baricco.
Graficamente o livro é de se lhe tirar um chapéu, editado em grande formato e fazendo lembrar os gordos volumes de histórias infantis, com ilustrações a preceito. Para cada história, além da narrativa condensada e recriada pelos escritores convidados, é oferecido aos mais pequenos dois momentos finais preciosos e muito úteis: um epílogo, que concretiza melhor a história e explica a moral que nela se esconde, e um capítulo intitulado “De onde vem esta história”, que enquadra a história no seu tempo, a forma como foi recebida e o legado que deixou na História com H grande.
Da loucura de Nemo à consciência atormentada de Raskólnikov, do dandy Giovanni à revolucionária Antígona, cinco micro histórias que certamente farão com que os mais jovens se apaixonem por este fascinante universo a que se convencionou chamar de grande literatura. Exige-se agora a rápida publicação do segundo volume (chegará em Outubro deste ano).
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