Desde que se licenciou em ilustração – com First Class Honours – na Universidade de Falmouth, Laura Hawthorne vive e trabalha em Bristol, cidade onde integra o colectivo de ilustradores Beggining Middle End. Mas não será a Bristol que Lara irá buscar a sua inspiração, mas antes ao folclore, à história natural e a nomes como Henri Rosseau ou Tove Jansson, que a ajudam a estimular a sua devoção a criaturas habitualmente tidas em não tão boa conta pelo público, como o são lesmas e ratos. “Herberto” (bruáa, 2014), o seu primeiro livro publicado, tem como principal figura uma lesma que, pelo menos aparentemente, vai tendo uma vida muito boa.
Como acontece com todas as lesmas, as grandes preocupações de Herberto passam por comer montanhas de alface durante o dia inteiro para, quando chega a hora de o sol se pôr, dormir descansado até que a pequena barriga comece de novo a dar horas.
Certo dia, depois de ver esgotadas todas as fontes de alimentação das redondezas, Herberto decide ir sozinho em busca de uma suculenta alface. Pelo caminho encontra diversos animais, ocupados com as suas criações, começando a questionar qual será, afinal, o seu papel no mundo, sentindo que ao pé deles não passa de uma preguiçosa lesma. A verdade, porém, será anunciada por uma mariposa tendo a lua como pano de fundo.
História que deixa um rasto de baba brilhante e prateada, “Herberto” fala aos mais pequenos sobre umas das mais básicas necessidades humanas, que tem o poder de transformar a alma humana: o acto de criar. Ou, se quisermos seguir outra interpretação, a descoberta da individualidade e da singularidade. As ilustrações, embebidas num espírito naturalista, ficariam muito bem numa edição ilustrada de “Walden” habitada por pequenas criaturas.
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