“…Houve a gripe que explodiu como uma bomba de neutrões sobre a superfície da Terra e o choque do colapso que se seguiu, os primeiros anos inenarráveis quando toda a gente viajava, antes de toda a gente se aperceber de que não havia lugar para onde se pudesse ir…”
“Estação onze” (Editorial Presença, 2015) foi, entre outras distinções, vencedor do prestigiado Arthur C. Clarke Award e, também, bestseller do The New York Times. Para aqueles mais desatentos ou apenas jovens, Arthur C. Clarke foi um dos argumentistas de “2001 – Odisseia no Espaço” e apresentador de programas de TV nos idos anos 80, entre inúmeras outras coisas que preencheram uma vida em grande parte dedicada aos mistérios do universo, título aliás de um dos seus programas.
Já a autora de “Estação Onze”, Emily St. John Mandel, nasceu no Canadá, estudou dança e teatro na School of Toronto Dance Theatre. Daí até à escrita foi um pequeno passo, não ao jeito do bailado mas mais do género daqueles que se dão na superfície lunar, ou não estivéssemos a falar de ficção científica. Não é de todo menosprezável esta sua ligação às artes dramáticas, a qual está bem patente durante toda a história.
A narrativa gira em torno duma companhia amadora de artistas que, num futuro pós-apocaliptíco, se aventura por entre comunidades sobreviventes a uma pandemia de gripe, que havia assolado o planeta Terra anos antes. Num cenário (pouco) Madmaxiano, músicos e actores tornam-se vagabundos, arriscando as próprias vidas para levar arte a pequenas povoações que pouco mais têm do que os recursos necessários para sobreviver. Estranhos acasos e ligações mais ou menos inesperadas vão-se sucedendo, peças de um destino escrito nas estrelas o que, quando se fala de ficção científica, é figura de estilo incontornável.
A visão desse futuro pós-catástrofe criado pela autora e a abordagem distinta que nos é presente, traz uma mensagem indelével e inseparável da própria obra, sendo porventura essa a sua faceta mais marcante e, porventura, cativante. Será caso para os apreciadores do género arranjarem um espaço extra na estante.
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